Presunçosamente, assumindo o lugar social de classe média, acabo de retornar das praias de SC - Itapema e Bombinhas - e percebi que estavam cheias. Estradas, apartamentos, locações, supermercados, bancos, lojas lotadas de gente consumindo. Minha máquina e olhar fotográfico registraram 4 situaçoes de mudanças: 1. perfil do consumidor do ócio/lúdico; 2. segmentação de lócus frequentado por faixa etária e lugar social; 3. tipo de produto e serviço consumido; 4. perspectivas de futuros.
1. O novo consumidor do ócio - praia.
Primeiro, férias na praia é momento do mundo do ócio - negação do neg-ócio. O tempo livre deve prevalecer sobre o trabalho enfadonho e sofrível. O consumidor do ócio - na praia, neste tempo da Era Lula paz e amor, é de uma classe C e D em processo de ascensão ou de estabilidade. Constituir uma imagem social - status quo - e banhar a autoestima são elementos que motivam o cidadão a voltar ao mundo neg-ócio e continuar escravo do trabalho ou do capital. Observei muita gente da classe média e pobre servidor público no mundo das praias. É sinal de bons tempos e esperança. A mídia e os intelectuais, por razões ideológicas, não veem.
2. Segmentação da sociedade - por faixa etária.
As praias são frequentadas por grupos sociais, baseado em faixas etárias. Visitei várias praias - Santa Catarina - e encontrei 'locus' específicos: praias de jovens, outras só de idosos, outra de casais na faixa de 30-45 anos; e praias da classe D. É interessante perceber tal segmentação, sendo que nestas mesmas, em passado próximo, não havia tal distinção. Indagando, conversa de areia em areia, ondas e ondas, identifiquei algumas razões: comunicação e a estética.
3. Os produtos - mercadoria - de consumo.
Observei na onda consumista - no momento do ócio da praia - um certo ar de parcimônia e poupança. Por isso, os restaurantes e lojas transitavam várias pessoas comprando meramente o extremanente necessário. Sem exagero. Isto é muito bom para o controle da inflação em 2008. Estas classes estão endividadas e precisa ordenar o orçamento perigoso. A juventude nunca ganhou tão mal como agora, e por isso não tem dinheiro, sobrevive ingenuamente dependente dos pais.
4. Perspectivas de futuro - esperança.
Percebo nos jovens um desencanto com o futuro, incerteza. Na praia Brava (próximo a Camboriu), covil de juventude cool, maurinho e patricinhas, 'sandy/Jr', mas sem dinheiro para colocar 'gasosa', meramente com as reservas de R$50 da entrada da balada Rave ou Electro. Presinto um olhar de tristeza e incerteza nos jovens, pedindo aponte para mim um caminho ou uma incerteza. Meu filho disse: 'meu pai só fala em projeto com jovens, mas não faz nada pra gente', assim eles esperam na (des)esperança. Tristemente, sem perspectivas, embriagam na bebida da 'marula' do utilitarismo e do 'absinto' momentâneo. As pessoas de meia idade acreditam no Governo Lula, seja empresário, assalariados, servidores públicos, achatados e corroidos os rendimentos continuam crentes críticos. Esperançosos de que amanhã será melhor. Os futuricidas estão morrendo. A novidade, muita gente falando de políticas locais, análise de administração públicas, serviços não ofertados, a revelia da representação formal política, tal como a receita do padre sobre o não uso de preservativo, o crente católico, ouve, ouve mas não dá credibilidade a receita e continua a reza.
Concluindo, no mundo do ócio da praia - no periodo de 26/12/2007 a 05/01/2008 aprendi que o povo tem razões que a razão desconhece, e auscultar é um instrumento precioso da aprendizagem. As caminhadas matutinas nas praias e o ruminar da brisa e neblina oriundas das ondas do tempo e dos fatos produzem idéias que facilitam des-cobrir aproximações do real.
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