O 'ex-presidente do futuro' - Jose Serra, cometeu alguns erros táticos e estratégicos ao expressar não saber Negociar com movimentos sociais e sindicais. São atores políticos que merecem respeito, veja comentário no site do Nassif.
'A falta de cintura de Serra
A posição do governador José Serra na greve dos policiais civis, repetindo o comportamento na greve da USP, demonstra que precisará avançar muito se quiser ser o candidato da conciliação.
Nos últimos 15 anos, o país foi governado por dois conciliadores, FHC e Lula. É condição imprescindível. Em guerra, o país se torna ingovernável, como demonstra o governo Fernando Collor.
Serra tem uma dificuldade invencível em negociar sob pressão. E sempre tem uma explicação para qualquer movimento: é político e coordenado pelo PT. Que seja! Isso é uma explicação, não uma justificativa para a falta de ação do governo. Todo movimento, meramente reivindicativo ou com motivação política, cresce com a intransigência dos governantes em negociar.
É sabido que a Polícia Civil de São Paulo tem salários baixos. Um aceno, de uma política de cargos e salários que repusesse o valor a médio prazo, bastaria para conter eventuais radicalismos do movimento.
No confronto, não tem ganhadores. Se cede, o governo do Estado é derrotado. Se não cede, a população terá que ser atendida por uma Polícia Civil derrotada e humilhada.
A continuar nessa miopia, sua candidatura será a do confronto. E, se vitorioso, seu governo será de quatro anos de guerra.
Agora, é evidente que policiais armados caminhando em direção ao Palácio Bandeirantes é um abuso. Depois que a situação chegou onde chegou, não havia alternativas. Mesmo tendo razão em suas reivindicações, os policiais que foram armados à manifestação precisarão ser devidamente enquadrados.
Por Luiz Eduardo
Enquanto o Serra dá mais uma prova da falta de jogo de cintura, o Aécio, em resposta à Dora Kramer, que o criticara pela aliança com o PT em BH (um "truque engendrado"), revela uma abertura que, sendo sincera e perseguida com coerência e "jogo de cintura", só faria bem ao país. Como tenho o mau hábito de acreditar na boa-fé das pessoas até prova em contrário, creio na dele. Segue um apanhado da resposta.
"[Defendo] a crença de que devemos trabalhar pela criação de uma convergência, mais ampla, de centro-esquerda, capaz de garantir as condições para a realização das reformas que o País aguarda há tanto tempo.
"Acredito, sim, que existem identidades entre setores do PSDB e do PT que, se explicitadas, podem contribuir para a criação de um novo ambiente político. Acredito que precisamos romper com um maniqueísmo mesquinho que domina a cena política atual, no qual um partido se opõe necessariamente ao outro pautado, muitas vezes, apenas por uma lógica de alternância de poder.
Nunca pretendi, como você disse, a "convergência total", até porque isso seria tão artificial quanto autoritário.
Nunca defendi a anulação das divergências políticas do debate nem a fusão dos partidos... Defendo que as diferenças políticas e partidárias permaneçam claras. Mas defendo também que sejamos capazes, em nome do País, de identificar e aprofundar nossas semelhanças ao invés de apostar apenas em aprofundar as nossas diferenças." Clique aqui
Por Ivanisa
Há uma grande liderança que não está sendo lembrada. Para evitar confrontos, que acabam por afetar a população paulistana, é preciso ter dos dois lados negociadores experientes, que não têm preconceitos, que reconhecem a representatividade dos movimentos grevistas e suas pautas. É surpreendente que um governador que foi presidente da UNE não tenha se preparado para a negociação.
O Presidente da CUT, Artur Henrique, é uma liderança preparada para o diálogo e o Secretário de Governo, Aloisio Nunes Ferreira, também. Se houve confronto é porque os ocupantes da máquina pública do Estado de São Paulo não conseguem mais ter visão de conjunto, estão mais preocupados com estratégias eleitorais, ao acusarem centrais sindicais.
Movimentos sindicais e sociais não nascem de um dia para o outro, mas se formam e se fortalecem sobre reivindicações justas e são muito representativos. Estudam, debatem, têm uma formação teórica e prática que os preparam para a conquista de direitos sociais. Têm uma função fundamental para o processo de democratização do país. Não é um gestor que toma a iniciativa. É preciso que a sociedade organizada represente os direitos de trabalhadores e cidadãos e se manifeste com liberdade. O impedimento de aproximação ao Palácio gera confronto, o policiamento ostensivo gera confronto. Aloísio Nunes Ferreira sabe disso. A mídia em nosso país ainda não está acostumada a valorizar os movimentos sindicais e sociais, enxerga-os como adversários. Do que e de quem?'
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