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sábado, 13 de março de 2010

Os erros primários e o dilema de José Serra!


De Marcos Donizeti. - 13/03/2010.


O governador José Serra deve estar enfrentando, neste momento, o maior dilema de sua longa carreira política. Ele sabe que se sair candidato à Presidente, será derrotado por Dilma.

Somente uma catástrofe de proporções bíblicas contra o Presidente Lula e Dilma, AO MESMO TEMPO, poderia lhe dar alguma chance de vencer a eleição presidencial.

Simultaneamente, é muito complicado para Serra desistir da sua candidatura presidencial neste momento, pois a Direita (principalmente a Grande Mídia Golpista e as facções mais extremistas do PSDB, DEM e do PPS) investiu tudo e mais um pouco em sua candidatura e, a esta altura do campeonato, é muito difícil lançar e organizar uma candidatura alternativa viável de oposição e que não faça muito feio na eleição.

Mesmo uma eventual candidatura de Aécio, agora, sairia muito enfraquecida para a disputa, pois a mesma seria lançada com a campanha já em andamento e com Dilma vivendo uma fase dourada, crescendo continuamente nas pesquisas, e com todas as indicações apontando para o fato de que o Brasil terá um excelente 2010, com crescimento econômico robusto (entre 5,5% e 6% neste ano), inflação controlada (ficando dentro das metas, que vão de 2,5% a 6,5% ao ano), desemprego em queda, geração de 2 milhões de novos empregos formais, renda real dos trabalhadores crescendo, crédito em expansão e com o Presidente mais popular da história do país apoiando a candidatura de Dilma.

Além disso, como Aécio desistiu da sua candidatura em Dezembro passado, ele não promoveu qualquer tipo de articulação política nestes últimos três meses para viabilizar a sua candidatura.

Portanto, Aécio chegaria muito atrasado para disputar a eleição e já tendo que enfrentar uma Dilma cada vez mais fortalecida pelo seu crescimento constante nas pesquisas.

Além do mais, ficaria muito feio para Serra abandonar a disputa sendo que, agora, todos sabem que ele é o único pré-candidato do PSDB. Com a sua eventual desistência, Serra ficaria com a pecha de fujão e isso destruiria com a sua imagem pública que, por enquanto, ainda é forte no estado de SP.

A imagem de Serra estaria queimada politicamente, sendo que até mesmo uma tentativa de se reeleger governador de SP estaria seriamente ameaçada, pois ele correria o risco de enfrentar uma forte chapa de oposição, formada por Mercadante-Skaf (e que teria o apoio do Presidente Lula, de Dilma e de Ciro Gomes).

Não seria loucura imaginar que com uma coligação ampla de partidos políticos (PT, PSB, PDT, PC do B, alguns segmentos do PMDB e mais alguns partidos menores) e que contaria com o apoio de Lula, Dilma e Ciro Gomes, uma chapa Mercadante-Skaf pudesse vir a derrotar Serra na eleição para o governo de SP.

E com Skaf como Vice, Mercadante teria amplo apoio do empresariado paulista, que ficou bastante grato ao Presidente Lula por este ter adotado tantas medidas (aumento da oferta de crédito, reduções de impostos, redução de juros) que salvaram setores inteiros da economia paulista e grandes empresas do estado de um virtual colapso no final de 2008.

Com isso, a longa carreira política de José Serra poderia terminar com uma humilhante derrota para o governo do estado de SP.

Assim, não deve restar outra alternativa, para Serra, que não seja manter a sua candidatura presidencial. E ao PSDB paulista restará a honra de se salvar de uma derrota para o governo de SP com o lançamento da candidatura de Geraldo Alckmin, que é mais popular no estado do que o próprio Serra.

Serra poderia ter desistido da candidatura presidencial em Dezembo, talvez em Janeiro. Agora, não dá mais, e ele terá que ir para o sacrifício, a não ser que queira cometer suicídio político.

De qualquer maneira, Serra está em maus lençóis, sem dúvida alguma.

Agora, é bom que se diga que foi o próprio Serra que cavou o buraco em que se meteu. Sua aliança com setores extremistas, neocons, da Grande Mídia, e dos partidos aliados, deixaram uma imagem péssima perante setores organizados e influentes da população.

Os movimentos sociais, por exemplo, foram claramente criminalizados pelo governo Serra. Jornalistas independentes foram ameaçados e atacados duramente por Serra, através de jagunços midiáticos que adoram fazer um serviço sujo a quem lhes ofereça algo recompensador em troca.

A campanha midiática violentíssima contra José Sarney, que visava favorecer a candidatura presidencial de Serra, deve ter assustado grande parte da classe política, pois os integrantes da mesma devem ter pensado que se a Grande Mídia dava um tratamento tão brutal a Sarney, um ex-Presidente da República, moderado politicamente e que sempre foi bem relacionado com os grandes empresários de comunicação do país, imaginaram o que não poderia ser feito com eles caso fizessem algum tipo de oposição contra Serra caso este fosse eleito Presidente da República.

Além do mais, Serra e os seus aliados, brucutus e trogloditas, subestimaram, claramente, o potencial de crescimento da candidatura de Dilma, considerando-a como um mero ‘poste’ criado por Lula e que a mesma seria facilmente derrotada, até por não ter nenhuma experiência eleitoral prévia, embora tenha uma longa trajetória de competente, capaz e séria gestora pública. Afinal, não podemos esquecer que Dilma foi responsável por coordenar os grandes projetos de investimento do governo Lula, como o do Pré-Sal, o ‘Minha Casa, Minha Vida’ e o PAC.

Todos estes erros juntos custaram a Serra qualquer chance de alcançar a vitória na eleição presidencial. Mesmo que Serra tivesse feito tudo certo e evitado todos estes erros, ainda assim as suas chances de vitória seriam muito remotas, pois ele enfrentará uma candidata que tem o apoio do Presidente mais popular da história do país e a sua campanha está sendo muito bem organizada, não tendo cometido, até o momento, qualquer erro digno de nota.

Portanto, o fato é que Serra caminha para o fim da sua carreira política, independente dele ser candidato à Presidente ou a governador de SP.

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