Eu amo o que você faz |
A utopia de uma sociedade justa e
igualitária pervadia o imaginário das organizações estudantis (DCE), as igrejas
de libertação (CEBs, movimento Fé & Política, as teologias – TdL e TR, e a
CPT e MST), o movimento sindical incipiente e vitaminado com a vitória da
oposição no Sindicato dos Bancários em 1984 e a constituinte(1987-88). Os
aparelhos privados de hegemonia da burguesia e sequazes, segundo a visão
gramsciana, seguia uma dualidade liberal de distensão frente a ação histórica e
política da classe dos de baixo, considerando a estratégia política da
‘revolução prussiana’ da crítica marxiana.
O pensamento
conservador-tradicional no final do século passado, em momento de refluxo e
dissenso, é preciso submergir e sutilmente constituir forças. E a estratégia
política foi de agregar força com o grupo social do pensamento neoliberal. O
predomínio do primeiro sobre o segundo ocorreu no quadro do espaço
moral-religioso, mas a tática do segundo com os instrumentos de coesão:
simulação, simulacro, cinismo, plastificação iluminista, proporcionou-lhe
domínio e controle no espaço do poder – e o fenômeno ‘richiano’ expressão do
‘lernismo oculto’. O objetivo de tal grupo é buscar o consentimento da massa
para cimentar o domínio econômico de setores dominante na sociedade civil sob o
ab-uso do fundo público.
A crítica à razão conservadora
assenta no princípio de que a realidade denominada de precária não é imutável
pelo poder das instituições sociais mas sim articulará com as outras dimensões
da vida do ser humano, livre, autônomo e consciente.
As esquerdas londrinense, fruto
do imobilismo e sombra de pessimismo que tomou conta no final do século
passado, aborda a política e os atores políticos pela razão utilitarista
benthaniamo, travestido de pragmatismo político de Maquiavel ou de Gramsci. O
desenvolvimento da história deve ocorrer conforme o previsto, qualquer
diferença é fruto de história com seu poder transcedente. A esquerda fundamentalista
focado no modelo do estruturalismo e sistêmico, sombreado pelo idealismo
hegeliano (a idéia é o real e o real é a idéia) e na bipolaridade do
‘materialismo’ bakunin-kantiano, crê na mudança histórica materialista da
razão, cuja subjetividade é dominada por três dos sete pecados capitais. A
esquerda utopista voluntarista cristã sobrevive na penumbra dos governos e
poder como força supletiva, mas o juízo ético-moralizante ofusca e o embriaga
turvando a leitura de realidade e a prática política espontaneísta, focado nos
interesses da corporação religiosa negada&amada como prostituta do Bataclan
ilheense. “A humanidade não se propõe nunca senão os problemas que ela pode
resolver, ver-se-á, sempre, que o próprio problema só se apresenta quando as
condições materiais para resolvê-lo existem ou estão em vias de existir”.
Os aparelhos privados ideológicos
dominantes ou de hegemonia disseminam ‘agrotóxicos’ sobre o real e copta o
segmento classe média sob o projeto de sociedade assentado na
Desigualdade. O populismo, enquanto
expressão do pensamento liberal-progressista, cujo conteúdo é a retórica
iluminista, assentado no mito da vanguarda rompante, tal como Pedro, o zelotas,
ironizado por Jesus, ousou ameaçar autonomia frente ao poder das oligarquias
encastelado nos aparelhos jurisconsultes, no presbitério pentecostal ululante e
mídia nativa conservadora. A ação dos aliados neoliberais foi de cassação,
expulsão, massacre e ‘procastelação’ dos populistas. A dúvida, o risco de ganho
preterido das grandes corporações como Walmart, TLC&P e outras nas áreas de
comércio, serviço, informática&telecomunicação e construção não é algo que
se procastina, mas sim pune com ação da sociedade política cuja função é de
coerção e violência na busca do consentimento, afirmou o jovem Marx em 1843 na
obra ‘Crítica à filosofia do direito em Hegel’.
O pensamento conservador em posse
e no manuseio dos aparelhos de repressão do Estado trina no céu, com os
holofotes da mídia nativa, a mensagem – a hegemonia é necessária enquanto
direção política de um projeto utópico de sociedade assentado no equilíbrio
mercado, e exige sacrifícios e sangue dos grupos sociais vulneráveis. O poder
cimentará no baseado no consenso e se necessário no puro exercício da força e
da coersão. Os aderentes da razão utópica cristão, sujeitos na/da história,
promoverão ações como reação. Qual será a ação histórica? Veremos.
[1]
Professor de filosofia e sociologia na Faculdade Norte Paranaense - Uninorte,
mestrando em Filosofia Contemporânea (UEL), sociólogo, especialista em
políticas públicas, e-mail: joaquimpio@yahoo.com.br
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