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domingo, 16 de janeiro de 2011
O pecador e o santo: a beatificação de João Paulo II
RELIGIÃO. O papa Bento XVI deferiu em prazo inferior de 5 anos a beatificação do papa João Paulo II. Acompanhei o reinado de papa de Varsóvia - João de Deus, desde a década de 1970 até pós morte.
Em 1980, quando esteve em Curitiba o epíscopo de Roma, participei do evento na condição de seminarista, vocacionado ao sacerdócio, donde acompanhei vários colegas ordenados presbíteros pelas mãos do papa. E o povo cantava 'Abenção, João de Deus, nosso povo te abraça...' No contexto de conflito interno da Igreja entre a da Volta A Grande Disciplina e o crescimento da Igreja Eclesiogênese - Povo de Deus - com uma CNBB profética tendo opção clara preferencial pelos pobres e contra a pobreza e estruturada em CEBS, assumiu postura de evitar dissenso. João Paulo, papa, editou a encíclica Laborens Exercens (14.09.1981), na relação capital-trabalho destacou a primazia do trabalho. Leonardo Boff, teólogo da libertação, rasga seda ao papa dos pobres na obra 'O caminhar da Igreja com os oprimidos: do vale de lágrimas à terra prometida'(Codecri,1980); em 1984, recebe o punição de 'silêncio obsequioso' (conforme orientação da Congregação para a Doutrina da Fé - pela sua obra Igreja, carisma e poder) com o aval do papa. Na guerra ideológica capitalismo x socialismo o papa optou pelo primeiro, fruto do cultura anticomunista da hierarquia da ICAR - Igreja Católica Apostólica Romana, e a experiência na Polônia.
Em 1980, o entao frei L. Boff prediz que dialetizando a análise sobre o Papa é preciso inserir o transfundo de cada agente histórico que atuam forças sociais e eclesiais, mas aponta que se trata de pessoa com excepcionais poderes de decisão pessoal, dada a estrutura monárquica da Igreja. Havia um clima de esperança na sociedade brasileira (pós Lei da Anistia, fundação do PT, lutas e organizações comunitárias urbanas e rurais, sindicais). As forças da ditadura em processo de enfraquecimento. A partir de 1985, na recomposição das forças políticas eclesiais retorna a Volta a Grande Disciplina e daí fortalece uma hierarquia eclesial extremamente conservadora.
O epíscopo de Roma, Karol Wojtila quem morreu em 2005 foi acusado pela mídia de ter mantido relação afetiva entre com uma jovem na Polônia que começou na juventude e continuou no período que exercia o papado. Setores da mídia e da sociedade tem um olhar dualista, viés do platonismo (século IV a.C)que impulsiona o medo medievo do corpo, da sexualidade e do prazer.
O papa na condição de ser humano é um ser limitado, imperfeito, ético, estético, e inacabado e desenvolveu as virtudes do beneplácito, solidariedade, amor e outros, no caminho da santidade. Durante a vida o papa João Paulo II deve ter-se masturbado, pois para alguns é pecado grave. Neste dualismo, atualmente, o pecado sexual é superior que o pecado social: tal como o pagamento de mísero salário aos professores da creche e educação infantil, da sonegação dos direitos trabalhistas da trabalhadora doméstica e de impostos.
Considero o papa João Paulo II um beato, santo, tal como a fotografia de alguém querido a ser seguido no seu exemplar do vivido, cujo fazer atuou no contexto complexo de uma Instituição religiosa que é Santa e Prostituta.
Na divisão eclesiástica do trabalho o papa assumiu a postura de contemplativus in liberaciones sem conflito com o Poder dominante. Faltou a dimensão profética.
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