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domingo, 26 de dezembro de 2010

Pais processam escola por expulsar alunos fumando maconha

Tem razão:
-a postura da escola?
-a postura dos professores?
-a postura dos pais?

Márcia Vieira / RIO - O Estado de S.Paulo 24.12.2010.

Três pais vão processar a Escola Britânica, no Rio, por terem expulsado seus filhos sob a acusação de fumarem maconha durante uma viagem organizada pelo colégio, na semana passada. Os três adolescentes, de 16 anos, foram obrigados a abandonar o passeio, em Pouso Alto, sul de Minas, no primeiro dia.


Segundo um dos pais, que não quis se identificar, os professores mandaram que eles voltassem de táxi. "Meu filho foi tratado como um criminoso. Ele não é e não vou admitir que façam isso com ele. O papel de uma escola é educar."

A Britânica é uma das escolas mais caras do Rio. Para entrar, os alunos pagam uma taxa de cerca de R$ 20 mil. As mensalidades giram em torno de R$ 3,5 mil. Procurada pelo Estado, a escola não quis se manifestar. Os pais decidiram processar o estabelecimento, o diretor e os professores envolvidos no episódio tanto na área cível quanto na criminal.

"A escola desrespeitou a dignidade dos alunos. Foi uma afronta aos direitos fundamentais dos menores. Os algozes (professores e diretor) foram insensíveis, desumanos, arbitrários e vão pagar por isso", afirmou o famoso criminalista Nélio Machado, que representa as famílias.

O passeio da turma foi realizada na semana passada. Os três alunos estavam juntos, no mesmo quarto e, segundo o pai de um deles, os professores sentiram cheiro de maconha.

"Eles foram interrogados e sofreram terror psicológico para confessar que tinham fumado. Logo depois foram expulsos do passeio." Segundo o pai, eles tiveram de encontrar uma maneira de voltarem para casa sozinhos. "Isso é inadmissível", afirma. Pouso Alto fica a 250 quilômetros do Rio.

Além do processo criminal, os pais vão tentar uma liminar para que os adolescentes possam continuar estudando na escola. "O que a escola fez é um exemplo negativo. Em vez de educar, resolveram tratá-los como criminosos."

Repercussão. A decisão da escola divide educadores. "O regimento dá à escola o pleno direito de não renovar a matrícula em casos de indisciplina", afirma Victor Notrica, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Rio.

Para a educadora Silvia Collelo, da Faculdade de Educação da USP, a postura da escola representa "o fracasso do diálogo". "A escola é um espaço de formação. Tem de se comprometer em educar os alunos também sobre valores, saúde e prevenção de drogas. É um espaço de preparação para a vida", diz.

Madalena Peixoto, educadora da PUC-SP e coordenadora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino, diz que a "repressão não serve de exemplo nem educa os alunos". "A escola poderia debater o tema, mas perdeu uma ótima oportunidade."

Em 2001, um caso parecido teve grande repercussão no Rio. A Escola Parque, de classe média alta, expulsou quatro alunos por terem sido pegos fumando maconha em viagem a Ouro Preto. Na época, a escola, onde estudavam os netos do então presidente Fernando Henrique Cardoso, recebeu muitas críticas, mas manteve a expulsão. / COLABOROU FELIPE ODA, DO JORNAL DA TARDE

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