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sábado, 22 de janeiro de 2011

Somos Tod@s transexuais?



Se no andar da vida encontrar um LGBTs e tiver sensações estranhas, leia o texto abaixo.
[extraido do blog Nago]
Boa leitura.


No decorrer dos séculos, a sexualidade humana passou por diferentes processos construtivos. Michel Foucault, em sua História da sexualidade, demonstra o papel dos discursos e das instituições para aprisionar as vivências sexuais, controlando assim a vida pública e privadas dos atores sociais. O século XIX é o ponto alto dessas transformações, nele, categorias sexuais são construídas e conceitualizadas no seio do Estado, da religião, das escolas, universidades e hospitais. As práticas e condutas sexuais “livres” passaram a ser divididas em micropolíticas de normalidade e anormalidade, surge assim as palavras heterossexual e homossexual.

O heterossexual é aquele que está incluso no modelo de consenso social, macho e fêmea reprodutores, dotados de privilégios sociais. Já os homossexuais são aqueles que desviam da norma reprodutiva da sexualidade, são sujeitos que não respondem as normas do imperativo sexual, suas condutas são compreendidas como anormais, doentias e desviantes. No campo do discurso, nossos corpos só existem quando “nomeados”, e essa nomeação demarca simbolicamente quem é homem, quem é mulher, já nascemos fadados a sermos homens e mulheres! . Somos enquadrados em modelos pré-fabricados no binômio masculino e feminino, e aqueles que não se encaixam no espaço inteligível da heterossexualidade passam por diversas formas de punição e correção.



No primeiro artigo da declaração universal dos Direitos Humanos, somos convidados a conviver em fraternidade. Ele nos diz: “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. Apesar disso, quando tentamos analisar o campo da sexualidade, percebemos que nem sempre a dignidade e os direitos são assegurados. A homossexualidade de muitos sujeitos ainda é considerada doença, como as/os transexuais as/os intersexos (hermafroditas, na linguagem médica). Presos em corpos que não lhes agradam, presos em discursos que não lhes confortam, essa é a realidade de muitos sujeitos de sexualidade desviante.


No Brasil e no Mundo, a transexualidade está inclusa no CID (Código Internacional de Doenças) e no DSM (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais), tornando doentes aqueles corpos cujas experiências não se conformam com o psicológico e o social. Dessa forma, podemos afirmar que existem processos de diferenciação entre homossexuais e heterossexuais. Transexuais para se “transformarem” em sujeitos “normais” precisam passar por provações médicas, jurídicas e sociais, como alerta a socióloga Berenice Bento. Antes do processo transexualizador, o corpo “doente” é considerado abjeto, ou seja, não possui valor de vida. Neste contexto, a França é o único país do mundo que retirou a condição transexual das categorias do CID. Apesar disso, as lutas pelo reconhecimento social e a busca pela cirurgia de transgenitalização ainda são barreiras para a população trans daquele país.
O processo de diferenciação da sexualidade humana nos permite fazer seguintes considerações: Quem e o que legitima nossas experiências sexuais? Os direitos sexuais também são direitos humanos? Quando a diferença é substantiva os direitos devem ser iguais? Qual discurso nos torna mais humanos ou mais abjetos? Quando nos tornamos heterossexuais? Na perspectiva de gênero, podemos afirmar que a legitimidade de nossas experiências passa pelo crivo do social. Somos constantemente solicitados a reiterar modelos de sexualidade, que por muitas vezes culmina em violência, violação e julgamento. Os “desajustados” brigam pelo direito pleno pela vida. Vivemos a sombra de inúmeros casos de repressão sexual, moral, religiosa, estatal. Como poderemos ter plena cidadania se não somos considerados “normais”?

Enquanto milhares de homossexuais morrem pelo mundo, a igreja, a mídia e o Estado continuam alinhando o discurso de medicalização, punição e esquecimento da população homossexual pelo mundo. No Brasil, a PL 122/2006, de autoria da senadora Fátima Cleide (PT – RO), não é discutida porque o nosso congresso possui uma bancada religiosa que não permite a criminalização de atos de intolerância contra homossexuais. O movimento LGBTrans brasileiro enfrenta um levante de religiosos que pregam a homofobia e a não igualdade de direitos civis para a população homossexual.

Na cultura brasileira, ainda é constante encontrar pessoas que ainda se referem a diferença sexual como homossexualismo. Mas não podemos deixar de mencionar que a homossexualidade deixou de ser doença desde a década de 1970 pela Associação Americana de Psiquiatria. Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retira a homossexualidade das categorias pertencentes ao CID. O sufixo ISMO, usado pelos homofóbicos, reforça o caráter patológico das praticas homossexuais na sociedade, como no caso do sadismo, masoquismo, travestismo e transexualismo. Além das parafilias classificadas como necrofilia e zoofilia. Todas gestadas no meio das ciências médicas e clínicas.

A homofobia sofrida por gays, lésbicas, bissexuais e a patologização do TRANS, termina por mostrar que a realidade das práticas sociais ainda dialoga com os discursos normativos da sociedade de controle. Como podemos falar em estado laico se os discursos que recriminam a homossexualidade estão pautados em parâmetros religiosos, em discursos reprodutivos? Como garantir direitos humanos se o Estado não atende as demandas humanas do direito pela vida?Avanços até que existem, o uso de nomes sociais de travestis e transexuais é garantido em algumas instâncias sociais da república brasileira, mesmo que de forma tímida, travestis e transexuais também surgem na política brasileira. Mas elas/eles (transexuais/travestis) ainda sãoconsiderad@s refugo humano, portadores de desvios de conduta, doentes. Vale ressaltar que a fluidez de gênero é estabelecida quando transexuais burlam as normas impostas pelo imperativo heterossexual. Nem todos/todas são homossexuais, existem transexuais héteros e bissexuais, como alerta Berenice Bento em seu referenciado livro “A reinvenção do corpo: gênero e sexualidade na experiência transexual”.

A doença que nós sofremos, segundo os homofóbicos, deve ser exterminada porque uma “doença” deve ser sanada, expurgada e eliminada dos espaços onde os sadios circulam. Dessa forma, a homofobia que sofremos nos coloca como meros corpos desalinhados, somos os sujeitos que vivem a mercê de discursos eugenistas, racistas e homofóbicos.

Igualdade de direitos, essa é a questão primordial para uma pauta do movimento LGBTRANS. Para adquirirmos o direito de viver, de ter plena cidadania, de sermos reconhecidos pela presença de vida, é necessário que antes deixemos de ser doentes sexuais. Somos transexuais, cada vez mais percebo isso, vivemos a sombra de novos atentados a vida, de práticas de violência absurdas, da castração do reconhecimento social. Desde 2001, a portaria nº1.707 do Sistema único de Saúde regulamenta a realização da transgenitalização na saúde pública do Brasil, mas essa “legalização” do procedimento torna ainda mais burocrático a execução da cirurgia. Para sermos “transexuais de verdade” - como alerta Berenice Bento e Márcia Arán – é necessário que as ciências “psi” detectem a nossa doença: “transtorno de identidade de gênero”, e o nosso reconhecimento social passa pelo crivo da existência de um distúrbio de personalidade.

Homofobia, doença, disforia de gênero esses são conceitos que estão enraizados na experiência homossexual e, consequentemente, na experiência transex. As lutas de Trans, Lésbicas e Gays devem ser pautadas na execução plena do direito de igualdade de vida. Viver, sair do território da abjeção, tornar o cotidiano marcado pela presença da diferença, mas que essa diferença não exista em relação aos direitos. Afinal, somos humanos, e nossa humanidade não pode e não deve ser colocada a prova em atos que infligem o direito básico da vida. Deixemos de lado a abjeção, o impensável, o sujo, tomemos o espaço público, vamos a luta! Porque como diz o artigo II da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”.



Cachoeira, 20 de Novembro de 2010.



*Julio César Sanches é graduando de jornalismo da UFRB, integrante do grupo de pesquisa CUS – Cultura e Sexualidade (CULT/UFBA) - , membro do Coletivo Aquenda! de Diversidade Sexual da UFRB.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Governo e a Igreja-Instituição católica: a dissimulação

Joaquim Pacheco de Lima*
POITICA. Há uma inflexão entre o Governo Dilma e a Igreja-Instituição católica. Em entrevista a Folha de São Paulo, 19.01.2011 (abaixo), o Arcebispo de Brasília, aponta que para o diálogo é preciso que a presidenta explicite suas convicções religiosas. A postura de Dom João de Aviz, [conheço-o desde os idos de 1980 na diocese de Apucarana-PR, nos estudos filosófico e teológico] e continua com a mesma visão de homem, mundo e sociedade, neotomista, referenciado na teologia fenomenológica europocêntrica. A sua referência política – poder - é a da terceira via, a democracia cristã. Tal corrente política restou o fracasso nas experiências postas (Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Grécia, etc). O ex-coordenador de pastoral apucaranaense não é um dogmático, mas tem a missão de estabelecer o diálogo Estado-Igreja sem provocar conflito explícito. Defensor da ‘desigualdade’ como ordem natural da sociedade, a prédica nega, por isso, incumbe-lhe o papel de distender conflito ideológico com o pensamento marxista (PT, PC do B e a plêiade de correntes) dissimulando neutralidade, mas também delimitando campo para evitar que os seus próceres alie-se a corrente oponente, inimiga. O apoio do parlamentar Gabriel Chalita (PSDBS-SP), por razões particulares da política, a campanha da presidenta Dilma acendeu o farol. Noutro campo, quer demarcar e esconder a aproximação com a social-democracia (PSDB). Faz jogo de movimento (gramsciano) com setores do petismo no governo (o ‘igrejeiros’ da antiga corrente Articulação).
A aproximação política da Igreja Universal com o Governo Dilma é notório – por meio da TV Record no embate ideológico. A TV do pastor Edir Macedo, inimiga da TV Globo e da Folha abre espaço para de defesa dos atores e idéias governamentais, contrapondo os seus inimigos na campo da mídia. Por outro lado, setores da Pastoral Social da Igreja Católica e os movimentos sociais aproximados (CPT-CIMI, Movimentos de Barragens, mulheres, setores do MST, Direitos Humanos e outros) fomentam rusgas no campo pragmático do realismo político x princípios matriciais partidário socialismo – utopia.
O arcebispado de Brasília, desde a ditadura e na redemocratização, assumiu postura de defesa da ordem e do pensamento conservador. Considerando a complexidade econômica, cultural e política da sociedade brasiliense, ou dos candangos a identidade da Igreja como ‘capelã dos militares’ não respondia mais a demanda pela nova identidade simbólica religiosa. Para encurtar o diapazão Igreja-mundo, Igreja-sociedade e mediar as relações com o poder-central a Santa Sé escolhe a dedo um de seus colaboradores para tal tarefa.
A tentativa de aplicação dos princípios e valores cristãos (solidariedade, partilha, equidade, igualdade, etc.) na vida política nacional e internacional como mimetização do liberalismo, que tem como matriz a propriedade privada e o mercado, escondem uma manipulação grosseira dos elementos religiosos para fins econômico e interesses políticos das classes dominantes. Na ideologia as idéias não podem explicitar contradições.
O sistema capitalista e globalizado pode aparecer envolto de um ‘aroma religioso’ e sua capacidade de produzir e reproduzir mais valia, classes sociais, também produz e reproduz seu próprio universo simbólico, sua espiritualidade, e sua religião. Capaz as contradições e dissimulações é papel da hermenêutica, da ciência, da filosofia e da teologia.
Na gênese do Capital está a morte, no Deus de Jesus de Nazaré está a Vida em abundância. Conciliar, mimetizar tal antagonismo somente com dissimulação.
*professor de filosofia e sociologia. Colaborador da CPT – junto ao Regional da CNBB-Sul II de 1984-1994.



DILMA PRECISA EXPLICAR SUAS CONVICÇÕES : entrevista com o arcebispo de Brasília – Dom João de Aviz

Folha de São Paulo. 19.01.2011.
Alçado repentinamente à condição de um dos principais nomes da Igreja Católica no mundo, dom João Braz de Aviz, arcebispo de Brasília, afirma que a presidente Dilma Rousseff (PT) precisa explicar melhor o que pensa a respeito de certos assuntos caros à igreja.
"Não temos uma ideia clara de quem é Dilma do ponto de vista religioso. Ela precisa explicar melhor as suas convicções religiosas para que o diálogo possa progredir."
Arcebispo de Brasília comandará um dos 'ministérios' do Vaticano
Segundo Aviz, 63, as posições sobre o aborto que Dilma expressou durante as eleições não necessariamente representam o que acontecerá sob seu governo: "Durante a campanha é uma coisa, e na prática o caminho às vezes é outro".
No dia 4, a igreja anunciou que o papa Bento 16 nomeou dom João prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
Ele deve assumir o cargo, um dos nove "ministérios" da Igreja Católica, em fevereiro.

Na entrevista a seguir, Aviz também comenta o crescimento das igrejas evangélicas e critica o fato de algumas denominações terem "compromisso fortíssimo com a arrecadação de dinheiro".
Folha - Qual a sua avaliação a respeito do debate sobre o aborto durante as eleições?
João Braz de Aviz Foi um pouco ruim, porque a discussão dos bispos e de pessoas leigas ligadas à igreja apareceu com a exclusão de um partido [o PT]. Ou seja, havia uma definição de posição político-partidária muito clara [a favor do PSDB], e a Igreja Católica não sustenta isso.
Do outro lado, o que está à flor da pele é que uma imensa parte da população brasileira não aceita essa enxurrada de propaganda a favor do aborto que é feita de modo impositivo. Há um movimento de legalizar o aborto e considerá-lo um direito humano, o que é uma coisa muito difícil de a gente compreender.
Portanto, a posição dos bispos até estava correta, mas o que houve de dificuldade foi identificar apenas em um partido essa posição e aproveitar esse fato para uma escolha política.
No geral, o sr. considera que as eleições correram bem?
O que se viu foi sobretudo um processo político muito maduro. O crescimento de um terceiro elemento [o PV, de Marina Silva] que não se identifica com as duas principais forças me parece muito positivo. Há um crescimento da consciência política e do diálogo democrático.
O sr. imagina que a igreja terá alguma dificuldade de diálogo com o governo Dilma?
Claro que a gente sempre espera que o diálogo seja muito bom. Mas a verdade é que não temos uma ideia clara de quem é Dilma do ponto de vista religioso. Ela precisa explicar melhor as suas convicções religiosas para que o diálogo possa progredir.
O que sabemos é que Dilma mostrou flexibilidade com relação a temas importantes para a igreja. Mas também sabemos que políticos fazem isso: durante a campanha é uma coisa, e na prática o caminho às vezes é outro.
O que o sr. espera dela com relação a isso?
Eu espero que as posições dela se aproximem das posições da igreja. Para isso, precisamos conhecer melhor o que pensa a Dilma presidente em relação a certos temas.
Não só o aborto, que teve destaque na disputa eleitoral, mas também quanto ao PNDH-3 [Plano Nacional de Direitos Humanos], que traz posições contudentíssimas para a igreja. Há aspectos muito bonitos com relação à questão social, mas temos aborto, homossexualismo, um monte de coisa que precisamos ver como vai ficar.
Eventuais diferenças não inviabilizariam o diálogo?
Para que exista um bom diálogo, é fundamental que ela diga exatamente o que pensa para podermos avançar a partir daí. O fundamental é dar ao outro a oportunidade de ser ele mesmo, para o diálogo continuar. Se a posição dela for outra, tenho direito a uma atitude diferente.
Até o momento, não sabemos como será, pois ela assumiu a posição do ex-presidente Lula, que é impossível moralmente. Ele diz que tem uma posição pessoal como homem de fé e outra como presidente, como homem de Estado. Ora, a gente tem apenas uma moral, e não duas.
Muitas igrejas têm bancada no Congresso. Qual sua opinião sobre a separação entre religião e política e a possibilidade de mistura entre os dois campos?
A separação entre igreja e Estado foi uma conquista e representa uma grande vantagem democrática em relação ao passado, quando havia a imposição da religião sobre o Estado.
O problema é que muitas vezes não fica claro se estão usando a afirmação do caráter laico do Estado para dizer que ele é ateu e que o cidadão religioso não tem lugar na discussão política. Aí já é complicado, porque é preciso haver liberdade religiosa e respeito a essas posições.
Esse equilíbrio é que ainda não apareceu, e o debate acaba sendo recheado por posições já tomadas de antemão.
Mas não podemos considerar que a experiência religiosa esteja reduzida apenas à dimensão da consciência ou à dimensão pessoal, como se não tivesse nenhuma função social. Por isso é que a Igreja Católica está recuperando a atenção à política.
Como o sr. vê o forte crescimento das igrejas evangélicas, em especial entre as classes mais baixas?
Muitos desses movimentos religiosos mais modernos não exprimem uma fidelidade à doutrina do Evangelho como ela é --escolhem apenas partes e, às vezes, assumem compromissos com coisas que não são corretas. Por exemplo, há igrejas que têm compromisso fortíssimo com a arrecadação de dinheiro.
Por que essas igrejas têm tido mais êxito entre os pobres do que a Igreja Católica?
Não sei dizer uma razão particular. Sei que, hoje, essas igrejas usam os meios de comunicação de maneira muito forte, com motivações psicológicas... Isso tem uma força sobre as pessoas, que têm uma dimensão religiosa grande no coração.
Mas a Igreja Católica não segue essa estrada. Há muito de proselitismo por trás [de outras igrejas], não só de verdade. E nosso caminho [da Igreja Católica] não é o proselitismo, é o testemunho.
O sr. poderia citar alguma em particular?
Prefiro não citar nenhuma. O importante é mencionar o fenômeno. As pessoas sabem que isso existe.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O conservadorismo volta a carga toda

In: blog Além da Economia - Paulo Daniel

CIÊNCIA DA RELIGIÃO. O presidente do movimento denominado Pró-Vida, Padre Luiz Carlos Lódi, divulgou nota pela internet atacando o governo da Presidenta Dilma Rousseff (PT).

O Pró-Vida, sediado em Anápolis, interior de Goiás, é um dos movimentos católicos mais radicais do País contra a descriminalização do aborto, entretanto, a maior parte dos itens abordados no último documento refere-se à questão dos homossexuais.

“O sonho do governo é transformar a “homofobia” em crime, instaurando o terror sobre a esmagadora maioria dos brasileiros ditos “homofóbicos”.”

Por fim, a nota diz “desde a ascensão do PT em 2003, por uma campanha ininterrupta e onipresente em favor da corrupção das crianças, da destruição da família e da dessacralização da vida. Para nossa vergonha, é difícil imaginar, em todo o planeta, um governo que mais tenha investido na construção da cultura da morte.”


Na campanha eleitoral à Presidência da República, o padre Lódi fez campanha a favor do candidato José Serra (PSDB), utilizando argumentos do fundador do movimento e arcebispo emérito de Anápolis, d. Manoel Pestana Filho, segundo o qual a eleição do tucano representaria a escolha por um “incêndio limitado”, enquanto Dilma seria a “catástrofe incontrolável”.

O conservadorismo está querendo realizar o 3º. turno da eleições, além de querer estabelecer um debate descabido e retrógrado à sociedade brasileira.

O que é ser a favor da vida?

Ser a favor da vida é não querer ser um único, interlocutor e mensageiro de um determinado Deus.

Ser a favor da vida é promover a justiça contra aqueles que molestam e molestaram crianças revelando os seus mais sórdidos e obscuros “desejos”.

Ser a favor da vida é lutar por justiça social em sua plenitude, enfrentando a exploração do homem pelo homem, pois vida é aqui e agora; não em um possível paraíso “vendido” principalmente pela Igreja Católica nos últimos séculos.

A cada dia e meio, o Brasil registra um homicídio por razões homofóbicas. Em 2010, segundo o Relatório Anual realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade de utilidade pública municipal e estadual, 250 homossexuais e travestis foram assassinados no país, em razão de sua orientação sexual.

A estatística dá ao país o lugar de campeão mundial neste tipo de crime, seguido pelo México e Estados Unidos, portanto, quem são os criminosos?

O aborto deve ser considerado não um caso de polícia, mas sim de saúde pública e um direito da mulher.

Essas discussões tem que sair do rami-rami religioso e teocêntrico e partir para o debate da realidade social que estamos vivendo e inseridos.

O governo da Presidenta Dilma e as instituições que se reivindicam progressistas precisam, urgentemente, politizar a sociedade nessas questões, pois não basta apenas aumentar a renda e ter crescimento econômico, com conservadorismo e retrocesso social.
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Paulo Daniel, economista, mestre em economia política pela PUC-SP, professor de economia e editor do Blog Além de economia.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mulheres, saúde e libertação: é luta das mulheres



SAÚDE. Nesta, fui acompanhar a companheira de 25 anos de convívio a uma Clínica da Mulher para uma bateria de exames médicos. Enquanto aguardava a operacionalização dos 08 exames re-lia o livro de Enrique Dussel, Filosofia da Libertação, Loyola, 1982. Por ser uma empresa particular prestadora de serviço de saúde o atendimento foi rápido: acesso as 09:00 e saídas 09:45 da manhã. Quando em uma Unidade Pública realizar-se-á 08 exames complexos em 45 minutos? Pensei. Respondi - é possível desde que a luta de classe e as contradições venham a irrupção. A luta é política.
Observo muitas mulheres sendo atendidas, expressão das classes B e C. Fico feliz pois vejo a classe C com acesso a tal serviço de qualidade. Mas o serviço público pode e tem condições de prestar tal serviço. A demanda pelo serviço de saúde cresce na proporção que o capital necessita de mão-de-obra qualificada e em melhores condições físicas para a extração da mais-valia. As mulheres são maioria no Brasil (f:48,9% x m:51,04%)conforme Censo 2010. No início da década de 80 Marta Suplicy, Xenia Bier e Clodovil foram protagonistas no Programa da Mulher (Rede Globo) inculcando e a participação da mulher no mercado de trabalho, e hoje continua a diferença de 33,3% no salário na proporção com os rendimentos masculinos. Na Russia na década de 90 as mulheres abandonaram o mercado de trabalho e retornaram ao universo doméstico para cuidar dos filhos. O machismo e o uxoricídio continua como discriminação e preconceito na relação de gênero. A libertação das mulheres é uma luta da mulheres e não dos homens dominadores. Os homens devem apoia-las, na nova dimensão altero-mundista - um outro mundo é possível.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O pecador e o santo: a beatificação de João Paulo II



RELIGIÃO. O papa Bento XVI deferiu em prazo inferior de 5 anos a beatificação do papa João Paulo II. Acompanhei o reinado de papa de Varsóvia - João de Deus, desde a década de 1970 até pós morte.
Em 1980, quando esteve em Curitiba o epíscopo de Roma, participei do evento na condição de seminarista, vocacionado ao sacerdócio, donde acompanhei vários colegas ordenados presbíteros pelas mãos do papa. E o povo cantava 'Abenção, João de Deus, nosso povo te abraça...' No contexto de conflito interno da Igreja entre a da Volta A Grande Disciplina e o crescimento da Igreja Eclesiogênese - Povo de Deus - com uma CNBB profética tendo opção clara preferencial pelos pobres e contra a pobreza e estruturada em CEBS, assumiu postura de evitar dissenso. João Paulo, papa, editou a encíclica Laborens Exercens (14.09.1981), na relação capital-trabalho destacou a primazia do trabalho. Leonardo Boff, teólogo da libertação, rasga seda ao papa dos pobres na obra 'O caminhar da Igreja com os oprimidos: do vale de lágrimas à terra prometida'(Codecri,1980); em 1984, recebe o punição de 'silêncio obsequioso' (conforme orientação da Congregação para a Doutrina da Fé - pela sua obra Igreja, carisma e poder) com o aval do papa. Na guerra ideológica capitalismo x socialismo o papa optou pelo primeiro, fruto do cultura anticomunista da hierarquia da ICAR - Igreja Católica Apostólica Romana, e a experiência na Polônia.
Em 1980, o entao frei L. Boff prediz que dialetizando a análise sobre o Papa é preciso inserir o transfundo de cada agente histórico que atuam forças sociais e eclesiais, mas aponta que se trata de pessoa com excepcionais poderes de decisão pessoal, dada a estrutura monárquica da Igreja. Havia um clima de esperança na sociedade brasileira (pós Lei da Anistia, fundação do PT, lutas e organizações comunitárias urbanas e rurais, sindicais). As forças da ditadura em processo de enfraquecimento. A partir de 1985, na recomposição das forças políticas eclesiais retorna a Volta a Grande Disciplina e daí fortalece uma hierarquia eclesial extremamente conservadora.
O epíscopo de Roma, Karol Wojtila quem morreu em 2005 foi acusado pela mídia de ter mantido relação afetiva entre com uma jovem na Polônia que começou na juventude e continuou no período que exercia o papado. Setores da mídia e da sociedade tem um olhar dualista, viés do platonismo (século IV a.C)que impulsiona o medo medievo do corpo, da sexualidade e do prazer.
O papa na condição de ser humano é um ser limitado, imperfeito, ético, estético, e inacabado e desenvolveu as virtudes do beneplácito, solidariedade, amor e outros, no caminho da santidade. Durante a vida o papa João Paulo II deve ter-se masturbado, pois para alguns é pecado grave. Neste dualismo, atualmente, o pecado sexual é superior que o pecado social: tal como o pagamento de mísero salário aos professores da creche e educação infantil, da sonegação dos direitos trabalhistas da trabalhadora doméstica e de impostos.
Considero o papa João Paulo II um beato, santo, tal como a fotografia de alguém querido a ser seguido no seu exemplar do vivido, cujo fazer atuou no contexto complexo de uma Instituição religiosa que é Santa e Prostituta.
Na divisão eclesiástica do trabalho o papa assumiu a postura de contemplativus in liberaciones sem conflito com o Poder dominante. Faltou a dimensão profética.

South Park - desenho crítico que ajuda a pensar



O South Park é um programa sitcom americano de desenho de humor sarcástico,criada por Trey Parker e Matt Stone para o canal Comedy Central - VH1. Acesso, no Brasil, pelos canais pagos. Numa abordagem da filosofia pós-moderna trata de temas educacionais, filosóficos, políticos e culturais da sociedade americana. Cada edição com duração de 30 minutos gira em torno de quatro crianças—Stan Marsh, Kyle Broflovski, Eric Cartman, e Kenny McCormick—e suas aventuras bizarras. Recomendado para maiores de 14 anos.

Recomendo aos educadores, em especial do ensino fundamental e médio.