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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Inadimplência da classe média

Alguns advogados, dentistas, professores são as vítimas da inadimplência. Os leitores contumazes da VEJA. Agora entendo a apoio ao pensamento neoconservador. É a economia, estúpido!!! É também uma ideologia.





























domingo, 7 de agosto de 2011

Os aparelhos privados de Hegemonia - nota 1.


Os Aparelhos Privados de Hegemonia dos grupos dominantes – nota 1.

A Folha de Londrina – na condição de aparelho privado de hegemonia dos grupos dominantes, na edição do dia 07/08/2011, p.4 -  aponta na Coluna de Luiz Geraldo Mazza que Londrina, embora pareça cidade mais politizada mas não é pois os políticos populistas inspiram tal denúncia. Sendo Curitiba, cidade provinciana e cujos aparelhos privados de hegemonia – Ministério Público – sofre influências da sociedade cartorial.
A OAB regional Curitiba patrocinou comício em Curitiba contra Corrupção e a participação popular foi fraca. A OAB é um grupo de intelectuais – especialista – da ideologia dos grupos dominantes. A luta pela ética, cuja promoção são daqueles que operacionalizam ações não-éticas não recebem apoio popular. O cinismo é um quadro que no imaginário popular – do homem massa – aparece como limpidez líquida. A classe média, presa da ideologia de dominação do século XX, continua promovendo ações que não são hegemônicas.
Afirma Massa que é notório o descompasso entre a política – jogo de poder – de Curitiba e o Interior. Tal premissa é falsa. O grupo social neste jogo de poder é o mesmo, muda-se apenas a coloração. 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

'Não caso, a noiva está sem calcinha', disse o padre.

Padre se recusa a celebrar casamento de noiva sem calcinha em Maceió 

Publicado em 19/07/2011.
Modelo do Vestido Foto: Reprodução/Internet
O padre Jonas Mourinho, 68 anos, responsável pela Paróquia Sagrada Família, no bairro do Vergel, na periferia de Maceió, Alagoas, surpreendeu os 230 convidados de uma celebração de casamento religioso ao cancelar o evento devido à ausência de vestimenta íntima da noiva.


O padre já não havia gostado de notar o imenso decote nas costas do vestido de noiva de uma professora, de 25 anos. Imediatamente após sua chegada no altar, quando se colocou de frente para o noivo o padre percebeu que o decote da moça permitia ver o derrière absolutamente desnudo.


Neste instante o padre solicitou que a noiva acompanhasse uma ministra da eucaristia até a sala de sacristia para averiguação. A ministra confirmou a suspeita do padre e o informou sobre o veredito. Depois de comunicar aos pais dos nubentes a decisão, o padre Jonas foi até ao altar avisar aos convidados que o casamento não seria realizado, pois a noiva "não estava respeitando o altar sagrado".


O padre afirmou que "é uma profanação a pessoa subir ao altar sem vestimentas íntimas". Ele ainda disse que a ministra da eucaristia notou que "a noiva estava totalmente depilada na região pubiana, o que para o pároco é um flerte com a pedofilia".


Segundo o padre Jonas "os pêlos pubianos marcam a transição entre a infância e a vida adulta, portanto retirá-los seria realizar apelo pedófilo para a prática sexual". A noiva confirmou que estava sem calcinha e disse que se o padre notou este detalhe é porque "ao invés de celebrar ele estava pensando em taradice comigo".


Depois do episódio - a nota é replicada do "Blog Lagoa 33" ("site de notícias de Lagoa do 33 e Ourolândia", do dia 5 de julho -, o padre Jonas deixou afixado na apostila do curso de noivas dois avisos: "noiva sem calcinha é satanás na cabecinha" e "vagina careca é o diabo na boneca". Assim ele espera não mais viver esse tipo de constrangimento no altar. 
Fonte: Correio Feirense 
cf. José Ricardo Oliveira (TdL)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

LDB - Princípios: respeito à liberdade e apreço a tolerância (Art. 3ª, inciso IV) .

A Rede Record, emissora de televisão é uma concessão do Estado, assim sendo não pode manipular e impor sua visão religiosa sobre um fenômeno da realidade, excluindo as outras concepções e visões. 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A mídia não fala do enriquecimento dos tucanos da Casa Civil



A imprensa nativa fala dos 20 milhões de Palocci mas finge não saber da compra do Mac Donald pelo Arminio Fraga pela bagatela de mais de 1 bi de reais. Como se sabe Armínio Fraga é ex-ministro de FHC. O PIG – Partido da Imprensa Golpista - diz que não se pode comparar. Por que não pode? Claro que pode. Claro que tem que dizer que o patrimônio de Verônica Serra, filha de José Serra (PSDB-SP) aumentou 50 mil vezes em 42 dias. Ah, o PIG diz que não pode falar da filha do outros. Desde quando as filhas dos outros estão liberadas para a roubalheira. Afirmo que a investigação sobre o enriquecimento de Palocci deve ocorrer, mas também dos outros ex-ministros.

KIT HOMOFOBIA, RELIGIÃO E ESTADO



O Estado é público e laico e não pode deixar as instituições religiosas, de interesse particular, interferir nas políticas de estado. Sou docente de Políticas Públicas na formação de professores em uma IES, recebi exemplar do kit e o mesmo visa orientar professores nas questões da orientações homoafetivas em sala de aula. Ausência de conhecimento produz Medo que provoca homofobia.Conversei com 18 pessoas católicas e evangélicas contra o kit homofobia, e apenas 1 tinha maiores informações sobre o conteúdo. Acreditam na fala, argumentos, de seus superiores religiosos. Isto causa-me medo. É o pensamento subalterno e castrado - de heteronomia ( a identidade é a do outro).A presidenta cedeu a pressão do setor conservador, que quer impor seus dogmas - casamento só heterossexual. Sutilmente reafirmar o machismo - 'mulher é um ser para reprodução'. O discurso nega, mas a premissa oculta revela.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Respeito ou desprezo ao voto do eleitor



É pensamento comum na aristocracia brasileira e seus aparelhos privados de hegemonia de que o Povo e Ignorante e não sabe votar (com uso ilustrado da Razão). Veja artigo abaixo.

Autor: Ruy Martins Altenfelder Silva
O Estado de S. Paulo - 26/04/2011

Artigo publicado no Estadão em 16/1 (A2) levanta uma oportuna questão que transcende o estreito âmbito do dia a dia da política e alcança o patamar mais elevado da ética e dos próprios fundamentos da democracia. O professor Gaudêncio Torquato, com a costumeira clareza, logo no título, A vaga é do partido ou da coligação?, deixa claro o tema a abordar em sua reflexão, acabando por concluir que, em caso de afastamento, o titular de uma cadeira na Câmara dos Deputados deve ser substituído pelo suplente mais votado da coligação a que pertence, e não pelo primeiro da lista de seu partido.

O Supremo Tribunal Federal já se manifestou sobre o tema ao reconhecer o direito do primeiro suplente do partido, em resposta a mandado de segurança impetrado pelo PMDB. Apesar disso, o entendimento está longe do consenso. Alguns descartam a ideia de prevalência dos partidos, sob o argumento de que a lei permite a formação de coligações para efeitos eleitorais e, por consequência, estas passam a constituir uma pessoa jurídica pro tempore. De início, seria importante definir se esse tempo valeria apenas para o período da campanha ou se abrangeria toda a gestão dos candidatos eleitos para cargos majoritários de presidente, governador ou prefeito, em torno dos quais gravitam os partidos coligados. Afinal, é público e notório que as coligações são motivadas mais pelo aumento do horário gratuito da TV e pelo reforço dos cofres de campanha do que pela coincidência de princípios programáticos que, efetivamente, poderiam diferenciar um candidato de seus concorrentes.

Esse cenário, assim descrito, suscita outra questão, que antecede o que o professor Torquato define como imbróglio da substituição do deputado titular, suscitado pelo afastamento de quase meia centena de deputados então recém-eleitos, que trocaram a cadeira de parlamentar por cargos nos Executivos federal e estaduais. Trata-se, aqui, de perguntar se é legítimo e ético, embora seja legal, um deputado ou um senador "virar as costas" a seus eleitores e aceitar convite para exercer outras funções - convite esse resultante, em boa parte dos casos, de um processo de loteamento de cargos públicos, no qual vale mais o peso financeiro e político do órgão cobiçado e menos a competência do escolhido.

A resposta só pode ser negativa, considerando que, em última instância, o mandato é um contrato estabelecido entre o candidato e seus eleitores e sacramentado pela vontade das urnas. Ou seja, a eleição foi ganha pelo candidato que convenceu seus eleitores a lhe concederem seu voto. Numa análise técnica, ele se comprometeu a exercer o mandato legislativo por um contrato e não teria o direito de rescindir unilateralmente esse compromisso, numa atitude que não pode, sob nenhum aspecto, ser considerada moral ou ética.

Usando os modernos conceitos de comunicação, não é difícil perceber que grande parte do eleitorado se ressente do desprezo ao seu voto. Somando-se a outras atitudes questionáveis, a sensação de voto desperdiçado contribui para arranhar ainda mais a imagem dos políticos perante a sociedade, que acaba por colocar na mesma cesta os bons e os maus mandatários. E, mais, esse conjunto de percepções negativas inevitavelmente deságua no aumento do descrédito das instituições republicanas.

Sem detalhar demasiadamente as razões que levam à crescente avaliação negativa da classe política, é perceptível que está vencendo o prazo para que integrantes dos três Poderes - legitimados pelo voto ou, quando não eleitos, por sua postura cidadã e republicana (há, sim, bons políticos, e não são poucos, embora tenham visibilidade muito menor do que os maus) - empreendam efetivamente a reforma política possível no País. Possível, sim, mas que também atenda às aspirações dos milhões de brasileiros cansados da corrupção, dos desmandos, do estilo "só lembrar do eleitor durante a campanha", das ambições escancaradas e desligadas dos interesses maiores da Nação.

Embora não tenham o poder de legislar, os chefes de Executivo poderiam começar dando um bom exemplo: bastaria não convidar deputados, coincidentemente quase sempre os mais bem votados, para ocupar o comando de Ministérios, secretarias, agências reguladoras, empresas públicas ou de economia mista. Outro exemplo poderia vir do Congresso Nacional, onde o projeto de reforma política já dá os primeiros passos, mas numa abordagem que ainda está distante de contemplar os pontos realmente relevantes, entre os quais se incluem a mudança do sistema de voto, o financiamento das campanhas, a fidelidade partidária, etc.

Os brasileiros já dão sinais de que têm consciência de que chegou o momento de repensar o Brasil. Essa tendência se manifesta, até com certa impaciência, na reivindicação por respeito aos direitos do cidadão; nos movimentos em defesa da ética, como aconteceu recentemente com a Lei da Ficha Limpa, resultado de iniciativa popular que empurrou a decisão do Congresso; no crescente acompanhamento do desempenho dos legisladores pari passu pelos eleitores; na expansão de entidades do terceiro setor, alimentada pela perda de paciência com a omissão do Estado na solução de graves problemas nacionais; na rejeição pelas urnas, ainda que parcial, dos candidatos ficha-suja - e por aí vai. Falta agora aos representantes do povo, com o faro político que devem ter ou desenvolver, alinhar-se às aspirações do eleitorado e contribuir efetivamente para a construção do Brasil do século 21.

Em tempo: embora contrário à prática de convite a deputados para cargos do Executivo, sou de opinião de que, quando o afastamento é inevitável, deve ser convocado o primeiro da lista de suplentes do partido, e não da coligação, visto que essa opção, embora não a ideal, é a que mais se aproxima do respeito ao voto dos eleitores

domingo, 24 de abril de 2011

O Possível do Impossível: cenários conjunturais do Brasil 1

A luta por novas relações de hegemonia se explicita na noção de crise orgânica, igual à crise de hegemonia, crise de autoridade,perda de consenso e da direção da sociedade. A classe dos debaixo sobrevive a um consenso. Pesquiso a evolução (1995-2011) da desigualdade em um 'Assentamento Precário' em uma região metropolitana. Parcialmente, as famílias em situação de risco, miséria expressão a percepção de crescimento e atos de cidadania. A parte a lucidez e inteligência do prof. Chico Oliveira, fico em dúvida, sobre sua leitura da realidade. A fotografia do momento aponta outro cenário, num quadro de uma aristocracia dominantes nos grotões. A política é a arte de tornar possível o impossível.

sábado, 23 de abril de 2011

Experiência de vida e vida experiente. 45 receitas

Importante refletimos sobre esta mensagem de Regina Brett, 90 anos, que para celebrar o seu envelhecimento, escreveu as 45 lições que a vida lhe ensinou.


1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno .
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso.
9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.
12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.
14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.
16. Respire fundo. Isso acalma a mente.
17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.
20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. hoje é especial.
22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.
23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você...
26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todo mundo.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo...
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
33. Acredite em milagres.
34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.
35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem.
37. Suas crianças têm apenas uma infância.
38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.
41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
42. O melhor ainda está por vir.
43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.
44. Produza!
45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.

Fonte: Blog dialetico pedaço do céu.

sábado, 26 de março de 2011

As intolerâncias na Política

As intolerâncias na política tem suas causas nexuais na economia(infraestrutura) ou na ideologia (superestrutura)? Althusserianamente falando é impossível separa-los. Relendo o blog do nobre professor Antonio Ozaí (http://antoniozai.wordpress.com/2011/03/26/razao-irracionalidade-e-literatura/#comment-2930)sobre as intolerâncias na literatura é possível declinar pelas razões objetivas e subjetivas. A literatura aponta situações reflexivas para sobre tal temática. O cotidiano na mass média borra-nos de fatos e versões.
A intolerância é cotidianamente, seletivamente, notícia de jornal. Veja manchete da Folha de Londrina de 26.03.2011, p, 6/Folha Geral – “Jovem é morto ao separar briga de trânsito’, ocorrido em Curitiba em 25.03. As razões da intolerância funda-se no dogma da verdade. O relativismo conduz ao precipício, conforme afirma Rubachov, “O caminho do Partido é muito bem definido, como uma passagem estreita nas montanhas. O menor passo em falso, para a direita ou esquerda, leva ao precipício. O ar é rarefeito; quem ficar tonto está perdido.”(KOESTLER, A. O Zero e o Infinito. Rio de Janeiro, Globo, 1987. p. 49). Edgar Morin, filósofo francês (2000), aponta que a intolerância é fruto do erro e da ilusão. Reafirmo Rubachov ‘ é impossível construir uma linha política com paixão e desespero’ (p.49).

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Feio, sujo e malvado



rafael.rodrigues1976@gmail.com:

Certa vez, em audiência pública no Senado sobre as cotas, ouvi a Dra. Kauffman dizer o seguinte: “Se a questão fosse exclusivamente racial, como pretende fazer crer o movimento negro, os negros seriam os principais aprovados em concurso público, porque eles não precisam se identificar, não existe a fase da entrevista, em grande parte dos concursos públicos, mas, infelizmente, não é isso que acontece. Por quê? Porque o problema não é efetivamente de cor, o maior problema para a integração dos negros no Brasil é um problema de classe, porque, infelizmente, a maior parte dos negros, no Brasil, é pobre”.

Oitenta por cento dos ricos são brancos, 70% dos pobres são negros. O analfabetismo nos brancos é 6,1%, nos negros é 14%. De 14 milhões de analfabetos neste país, nove milhões não negros, e cinco são brancos. Os brancos recebem mais, os brancos têm mais chefias, só 3% dos executivos são negros. E nas universidades públicas, mais de 90% são brancos. Isso tudo com os negros representando 50,6% da população, de acordo com a última PNAD do IBGE.

Quem diz que isso é uma questão puramente econômica, de classe, desconsidera que os brancos pobres conseguem, apesar da pobreza e com muito esforço, chegar mais longe do que os negros. Por quê? Porque os negros têm mais problemas e mais discriminações, com o extermínio da juventude negra nas periferias, a entrada precoce no mercado de trabalho e a questão da baixa auto-estima.

Tem gente que diz que a solução está na educação. Isso é um tremendo cinismo. Como disse o juiz federal William Douglas na mesma sessão no Senado, “se a partir de hoje todos os formados em medicina neste país fossem negros, todos, a gente levaria 25 anos para que o percentual de negros médicos fosse igual ao percentual de negros na população”. E a turma que já está na faculdade, ou que sem ter esta oportunidade teve que começar a trampar mais cedo? Como fica este pessoal do gap?

Doutora, comece a observar nos restaurantes caros que a senhora frequenta, nos clubes e eventos aonde vai, nos balcões das companhias aéreas e nas lojas mais caras dos shoppings quantos negros a senhora encontra? Certamente o percentual não chega a 50,6%, como seria de se esperar caso estivéssemos num país racialmente equânime. Nestes lugares, a concentração de pessoas com olhos azuis chega a ser maior do que na Escandinávia. Onde estão aquelas suas amigas negras da escola? Chegaram à faculdade ou à magistratura junto contigo? Ou ficaram nas peneiras, nos funis, ou pelo meio do caminho?


Leia: www.conversaafiada.com.br
“Aluna e professora do Gilmar trabalha para o PFL e combate cotas”.

“Secretario de Justiça e Direitos Humanos da Bahia associa Ali Kamel a racismo”.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

ONG e Folha critica falta de política de Direitos Humanos no Brasil. Será?



POLÍTICA - O José Miguel Vivanco, presidente da ONG Human Rights Watch, com sede no EUA, criticou a política externa brasileira, disse "Espero que o Brasil se converta em aliado na causa dos direitos humanos quando se trata de avaliar a situação no mundo”, Segundo o jornal dos Frias (portal Folha.com, de 25.01.2011 ) a jornalista Andréa Murta afirma que a ONG apontou problemas de direitos humanos em cinco países (imagine, alguns países serão citados): Brasil, México, Colômbia, Venezuela e Cuba. E o Paraguai, Argentina, Chile? Afirma que no Governo Lula a questão direitos humanos caiu para questão secundária. Como? E o PNDH3 que foi satanizado pela mídia corporativa. As conferências e debates realizados? E que tal matéria tem a finalidade de dês-construir o governo (Lula e Dilma), sem considerar a consistência dos argumentos.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O futuro com o pé no presente



Tenho medo do apressamento do futuro. Por vezes, a trave nos olhos dificulta a leitura objetiva da realidade. Corre o risco de simplificações. A realidade é complexa, pois os fios que a tecem, as relações sociais interpostas, são múltiplos. As premissas do filósofo Paulo Arantes são generalistas ao afirmar (2010) – as esquerdas não tem perspectivas de futuro. É preciso conceituar esquerdas-direitas, projeto político. Beber na fonte do velho filósofo italiano, Antonio Gramsci [hegemonia, jogo de movimento, sociedade civil, Estado, estratégia e tática] e suas análises referendados no marxismo são energias, luzes que iluminam a razão para o entendimento do real. No PT e no PSOL tem três grupos de leitura da relação Capital-Trabalho na construção de um projeto possível de sociedade: os otimistas ingênuos; os pessimistas ingênuos; e os otimistas críticos; os crentes na ruptura, os conciliatórios/estratégistas, e os contratualistas. As estratégias dos evangelizadores das primeiras comunidades cristã de expansão (Paulo, Cartas aos Hebreus) foram de tornar-se gregos com os gregos, pagão com os pagãos, brasileiro com os brasileiros. Será que temos força para fazer mudanças radicais? O que é Reforma e Revolução e quais os seus conteúdos e táticas-estratégia? Como tornar possível o impossível?“A melhor maneira que a gente tem de fazer possível alguma coisa que não é possível de ser feita hoje, é fazer hoje aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer”, afirmou o mestre Paulo Freire. Sonho com o socialismo.

'Jornalismo investigativo' - engodos no Paraná



No Jornal Gazeta do Povo - RPC/Globo - PR, sobre o caso Porto de Paranaguá sob investigação e a mídia faz acusação, por hora, sem apresentar os fatos. Pode ser que tenha fundamento, mas por hora não.
Observe a citação abaixo disposta na matéria do jornal (23/01/2011)

'
[...]nos relatórios da PF, obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e que fazem parte da investigação da Operação Dallas,[...]


Estranho, a PF entregar relatório com exclusividade, sobre processo em andamento de investigação.
É o mesmo modelo do 'jornalismo investigativo' da Veja.

Não estou defendendo a família Requião, mas sim a defesa da ética na mídia. Rádiodifusão é um serviço de concessão pública. Ministério Público, fique de olho.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Somos Tod@s transexuais?



Se no andar da vida encontrar um LGBTs e tiver sensações estranhas, leia o texto abaixo.
[extraido do blog Nago]
Boa leitura.


No decorrer dos séculos, a sexualidade humana passou por diferentes processos construtivos. Michel Foucault, em sua História da sexualidade, demonstra o papel dos discursos e das instituições para aprisionar as vivências sexuais, controlando assim a vida pública e privadas dos atores sociais. O século XIX é o ponto alto dessas transformações, nele, categorias sexuais são construídas e conceitualizadas no seio do Estado, da religião, das escolas, universidades e hospitais. As práticas e condutas sexuais “livres” passaram a ser divididas em micropolíticas de normalidade e anormalidade, surge assim as palavras heterossexual e homossexual.

O heterossexual é aquele que está incluso no modelo de consenso social, macho e fêmea reprodutores, dotados de privilégios sociais. Já os homossexuais são aqueles que desviam da norma reprodutiva da sexualidade, são sujeitos que não respondem as normas do imperativo sexual, suas condutas são compreendidas como anormais, doentias e desviantes. No campo do discurso, nossos corpos só existem quando “nomeados”, e essa nomeação demarca simbolicamente quem é homem, quem é mulher, já nascemos fadados a sermos homens e mulheres! . Somos enquadrados em modelos pré-fabricados no binômio masculino e feminino, e aqueles que não se encaixam no espaço inteligível da heterossexualidade passam por diversas formas de punição e correção.



No primeiro artigo da declaração universal dos Direitos Humanos, somos convidados a conviver em fraternidade. Ele nos diz: “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. Apesar disso, quando tentamos analisar o campo da sexualidade, percebemos que nem sempre a dignidade e os direitos são assegurados. A homossexualidade de muitos sujeitos ainda é considerada doença, como as/os transexuais as/os intersexos (hermafroditas, na linguagem médica). Presos em corpos que não lhes agradam, presos em discursos que não lhes confortam, essa é a realidade de muitos sujeitos de sexualidade desviante.


No Brasil e no Mundo, a transexualidade está inclusa no CID (Código Internacional de Doenças) e no DSM (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais), tornando doentes aqueles corpos cujas experiências não se conformam com o psicológico e o social. Dessa forma, podemos afirmar que existem processos de diferenciação entre homossexuais e heterossexuais. Transexuais para se “transformarem” em sujeitos “normais” precisam passar por provações médicas, jurídicas e sociais, como alerta a socióloga Berenice Bento. Antes do processo transexualizador, o corpo “doente” é considerado abjeto, ou seja, não possui valor de vida. Neste contexto, a França é o único país do mundo que retirou a condição transexual das categorias do CID. Apesar disso, as lutas pelo reconhecimento social e a busca pela cirurgia de transgenitalização ainda são barreiras para a população trans daquele país.
O processo de diferenciação da sexualidade humana nos permite fazer seguintes considerações: Quem e o que legitima nossas experiências sexuais? Os direitos sexuais também são direitos humanos? Quando a diferença é substantiva os direitos devem ser iguais? Qual discurso nos torna mais humanos ou mais abjetos? Quando nos tornamos heterossexuais? Na perspectiva de gênero, podemos afirmar que a legitimidade de nossas experiências passa pelo crivo do social. Somos constantemente solicitados a reiterar modelos de sexualidade, que por muitas vezes culmina em violência, violação e julgamento. Os “desajustados” brigam pelo direito pleno pela vida. Vivemos a sombra de inúmeros casos de repressão sexual, moral, religiosa, estatal. Como poderemos ter plena cidadania se não somos considerados “normais”?

Enquanto milhares de homossexuais morrem pelo mundo, a igreja, a mídia e o Estado continuam alinhando o discurso de medicalização, punição e esquecimento da população homossexual pelo mundo. No Brasil, a PL 122/2006, de autoria da senadora Fátima Cleide (PT – RO), não é discutida porque o nosso congresso possui uma bancada religiosa que não permite a criminalização de atos de intolerância contra homossexuais. O movimento LGBTrans brasileiro enfrenta um levante de religiosos que pregam a homofobia e a não igualdade de direitos civis para a população homossexual.

Na cultura brasileira, ainda é constante encontrar pessoas que ainda se referem a diferença sexual como homossexualismo. Mas não podemos deixar de mencionar que a homossexualidade deixou de ser doença desde a década de 1970 pela Associação Americana de Psiquiatria. Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retira a homossexualidade das categorias pertencentes ao CID. O sufixo ISMO, usado pelos homofóbicos, reforça o caráter patológico das praticas homossexuais na sociedade, como no caso do sadismo, masoquismo, travestismo e transexualismo. Além das parafilias classificadas como necrofilia e zoofilia. Todas gestadas no meio das ciências médicas e clínicas.

A homofobia sofrida por gays, lésbicas, bissexuais e a patologização do TRANS, termina por mostrar que a realidade das práticas sociais ainda dialoga com os discursos normativos da sociedade de controle. Como podemos falar em estado laico se os discursos que recriminam a homossexualidade estão pautados em parâmetros religiosos, em discursos reprodutivos? Como garantir direitos humanos se o Estado não atende as demandas humanas do direito pela vida?Avanços até que existem, o uso de nomes sociais de travestis e transexuais é garantido em algumas instâncias sociais da república brasileira, mesmo que de forma tímida, travestis e transexuais também surgem na política brasileira. Mas elas/eles (transexuais/travestis) ainda sãoconsiderad@s refugo humano, portadores de desvios de conduta, doentes. Vale ressaltar que a fluidez de gênero é estabelecida quando transexuais burlam as normas impostas pelo imperativo heterossexual. Nem todos/todas são homossexuais, existem transexuais héteros e bissexuais, como alerta Berenice Bento em seu referenciado livro “A reinvenção do corpo: gênero e sexualidade na experiência transexual”.

A doença que nós sofremos, segundo os homofóbicos, deve ser exterminada porque uma “doença” deve ser sanada, expurgada e eliminada dos espaços onde os sadios circulam. Dessa forma, a homofobia que sofremos nos coloca como meros corpos desalinhados, somos os sujeitos que vivem a mercê de discursos eugenistas, racistas e homofóbicos.

Igualdade de direitos, essa é a questão primordial para uma pauta do movimento LGBTRANS. Para adquirirmos o direito de viver, de ter plena cidadania, de sermos reconhecidos pela presença de vida, é necessário que antes deixemos de ser doentes sexuais. Somos transexuais, cada vez mais percebo isso, vivemos a sombra de novos atentados a vida, de práticas de violência absurdas, da castração do reconhecimento social. Desde 2001, a portaria nº1.707 do Sistema único de Saúde regulamenta a realização da transgenitalização na saúde pública do Brasil, mas essa “legalização” do procedimento torna ainda mais burocrático a execução da cirurgia. Para sermos “transexuais de verdade” - como alerta Berenice Bento e Márcia Arán – é necessário que as ciências “psi” detectem a nossa doença: “transtorno de identidade de gênero”, e o nosso reconhecimento social passa pelo crivo da existência de um distúrbio de personalidade.

Homofobia, doença, disforia de gênero esses são conceitos que estão enraizados na experiência homossexual e, consequentemente, na experiência transex. As lutas de Trans, Lésbicas e Gays devem ser pautadas na execução plena do direito de igualdade de vida. Viver, sair do território da abjeção, tornar o cotidiano marcado pela presença da diferença, mas que essa diferença não exista em relação aos direitos. Afinal, somos humanos, e nossa humanidade não pode e não deve ser colocada a prova em atos que infligem o direito básico da vida. Deixemos de lado a abjeção, o impensável, o sujo, tomemos o espaço público, vamos a luta! Porque como diz o artigo II da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”.



Cachoeira, 20 de Novembro de 2010.



*Julio César Sanches é graduando de jornalismo da UFRB, integrante do grupo de pesquisa CUS – Cultura e Sexualidade (CULT/UFBA) - , membro do Coletivo Aquenda! de Diversidade Sexual da UFRB.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Governo e a Igreja-Instituição católica: a dissimulação

Joaquim Pacheco de Lima*
POITICA. Há uma inflexão entre o Governo Dilma e a Igreja-Instituição católica. Em entrevista a Folha de São Paulo, 19.01.2011 (abaixo), o Arcebispo de Brasília, aponta que para o diálogo é preciso que a presidenta explicite suas convicções religiosas. A postura de Dom João de Aviz, [conheço-o desde os idos de 1980 na diocese de Apucarana-PR, nos estudos filosófico e teológico] e continua com a mesma visão de homem, mundo e sociedade, neotomista, referenciado na teologia fenomenológica europocêntrica. A sua referência política – poder - é a da terceira via, a democracia cristã. Tal corrente política restou o fracasso nas experiências postas (Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Grécia, etc). O ex-coordenador de pastoral apucaranaense não é um dogmático, mas tem a missão de estabelecer o diálogo Estado-Igreja sem provocar conflito explícito. Defensor da ‘desigualdade’ como ordem natural da sociedade, a prédica nega, por isso, incumbe-lhe o papel de distender conflito ideológico com o pensamento marxista (PT, PC do B e a plêiade de correntes) dissimulando neutralidade, mas também delimitando campo para evitar que os seus próceres alie-se a corrente oponente, inimiga. O apoio do parlamentar Gabriel Chalita (PSDBS-SP), por razões particulares da política, a campanha da presidenta Dilma acendeu o farol. Noutro campo, quer demarcar e esconder a aproximação com a social-democracia (PSDB). Faz jogo de movimento (gramsciano) com setores do petismo no governo (o ‘igrejeiros’ da antiga corrente Articulação).
A aproximação política da Igreja Universal com o Governo Dilma é notório – por meio da TV Record no embate ideológico. A TV do pastor Edir Macedo, inimiga da TV Globo e da Folha abre espaço para de defesa dos atores e idéias governamentais, contrapondo os seus inimigos na campo da mídia. Por outro lado, setores da Pastoral Social da Igreja Católica e os movimentos sociais aproximados (CPT-CIMI, Movimentos de Barragens, mulheres, setores do MST, Direitos Humanos e outros) fomentam rusgas no campo pragmático do realismo político x princípios matriciais partidário socialismo – utopia.
O arcebispado de Brasília, desde a ditadura e na redemocratização, assumiu postura de defesa da ordem e do pensamento conservador. Considerando a complexidade econômica, cultural e política da sociedade brasiliense, ou dos candangos a identidade da Igreja como ‘capelã dos militares’ não respondia mais a demanda pela nova identidade simbólica religiosa. Para encurtar o diapazão Igreja-mundo, Igreja-sociedade e mediar as relações com o poder-central a Santa Sé escolhe a dedo um de seus colaboradores para tal tarefa.
A tentativa de aplicação dos princípios e valores cristãos (solidariedade, partilha, equidade, igualdade, etc.) na vida política nacional e internacional como mimetização do liberalismo, que tem como matriz a propriedade privada e o mercado, escondem uma manipulação grosseira dos elementos religiosos para fins econômico e interesses políticos das classes dominantes. Na ideologia as idéias não podem explicitar contradições.
O sistema capitalista e globalizado pode aparecer envolto de um ‘aroma religioso’ e sua capacidade de produzir e reproduzir mais valia, classes sociais, também produz e reproduz seu próprio universo simbólico, sua espiritualidade, e sua religião. Capaz as contradições e dissimulações é papel da hermenêutica, da ciência, da filosofia e da teologia.
Na gênese do Capital está a morte, no Deus de Jesus de Nazaré está a Vida em abundância. Conciliar, mimetizar tal antagonismo somente com dissimulação.
*professor de filosofia e sociologia. Colaborador da CPT – junto ao Regional da CNBB-Sul II de 1984-1994.



DILMA PRECISA EXPLICAR SUAS CONVICÇÕES : entrevista com o arcebispo de Brasília – Dom João de Aviz

Folha de São Paulo. 19.01.2011.
Alçado repentinamente à condição de um dos principais nomes da Igreja Católica no mundo, dom João Braz de Aviz, arcebispo de Brasília, afirma que a presidente Dilma Rousseff (PT) precisa explicar melhor o que pensa a respeito de certos assuntos caros à igreja.
"Não temos uma ideia clara de quem é Dilma do ponto de vista religioso. Ela precisa explicar melhor as suas convicções religiosas para que o diálogo possa progredir."
Arcebispo de Brasília comandará um dos 'ministérios' do Vaticano
Segundo Aviz, 63, as posições sobre o aborto que Dilma expressou durante as eleições não necessariamente representam o que acontecerá sob seu governo: "Durante a campanha é uma coisa, e na prática o caminho às vezes é outro".
No dia 4, a igreja anunciou que o papa Bento 16 nomeou dom João prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
Ele deve assumir o cargo, um dos nove "ministérios" da Igreja Católica, em fevereiro.

Na entrevista a seguir, Aviz também comenta o crescimento das igrejas evangélicas e critica o fato de algumas denominações terem "compromisso fortíssimo com a arrecadação de dinheiro".
Folha - Qual a sua avaliação a respeito do debate sobre o aborto durante as eleições?
João Braz de Aviz Foi um pouco ruim, porque a discussão dos bispos e de pessoas leigas ligadas à igreja apareceu com a exclusão de um partido [o PT]. Ou seja, havia uma definição de posição político-partidária muito clara [a favor do PSDB], e a Igreja Católica não sustenta isso.
Do outro lado, o que está à flor da pele é que uma imensa parte da população brasileira não aceita essa enxurrada de propaganda a favor do aborto que é feita de modo impositivo. Há um movimento de legalizar o aborto e considerá-lo um direito humano, o que é uma coisa muito difícil de a gente compreender.
Portanto, a posição dos bispos até estava correta, mas o que houve de dificuldade foi identificar apenas em um partido essa posição e aproveitar esse fato para uma escolha política.
No geral, o sr. considera que as eleições correram bem?
O que se viu foi sobretudo um processo político muito maduro. O crescimento de um terceiro elemento [o PV, de Marina Silva] que não se identifica com as duas principais forças me parece muito positivo. Há um crescimento da consciência política e do diálogo democrático.
O sr. imagina que a igreja terá alguma dificuldade de diálogo com o governo Dilma?
Claro que a gente sempre espera que o diálogo seja muito bom. Mas a verdade é que não temos uma ideia clara de quem é Dilma do ponto de vista religioso. Ela precisa explicar melhor as suas convicções religiosas para que o diálogo possa progredir.
O que sabemos é que Dilma mostrou flexibilidade com relação a temas importantes para a igreja. Mas também sabemos que políticos fazem isso: durante a campanha é uma coisa, e na prática o caminho às vezes é outro.
O que o sr. espera dela com relação a isso?
Eu espero que as posições dela se aproximem das posições da igreja. Para isso, precisamos conhecer melhor o que pensa a Dilma presidente em relação a certos temas.
Não só o aborto, que teve destaque na disputa eleitoral, mas também quanto ao PNDH-3 [Plano Nacional de Direitos Humanos], que traz posições contudentíssimas para a igreja. Há aspectos muito bonitos com relação à questão social, mas temos aborto, homossexualismo, um monte de coisa que precisamos ver como vai ficar.
Eventuais diferenças não inviabilizariam o diálogo?
Para que exista um bom diálogo, é fundamental que ela diga exatamente o que pensa para podermos avançar a partir daí. O fundamental é dar ao outro a oportunidade de ser ele mesmo, para o diálogo continuar. Se a posição dela for outra, tenho direito a uma atitude diferente.
Até o momento, não sabemos como será, pois ela assumiu a posição do ex-presidente Lula, que é impossível moralmente. Ele diz que tem uma posição pessoal como homem de fé e outra como presidente, como homem de Estado. Ora, a gente tem apenas uma moral, e não duas.
Muitas igrejas têm bancada no Congresso. Qual sua opinião sobre a separação entre religião e política e a possibilidade de mistura entre os dois campos?
A separação entre igreja e Estado foi uma conquista e representa uma grande vantagem democrática em relação ao passado, quando havia a imposição da religião sobre o Estado.
O problema é que muitas vezes não fica claro se estão usando a afirmação do caráter laico do Estado para dizer que ele é ateu e que o cidadão religioso não tem lugar na discussão política. Aí já é complicado, porque é preciso haver liberdade religiosa e respeito a essas posições.
Esse equilíbrio é que ainda não apareceu, e o debate acaba sendo recheado por posições já tomadas de antemão.
Mas não podemos considerar que a experiência religiosa esteja reduzida apenas à dimensão da consciência ou à dimensão pessoal, como se não tivesse nenhuma função social. Por isso é que a Igreja Católica está recuperando a atenção à política.
Como o sr. vê o forte crescimento das igrejas evangélicas, em especial entre as classes mais baixas?
Muitos desses movimentos religiosos mais modernos não exprimem uma fidelidade à doutrina do Evangelho como ela é --escolhem apenas partes e, às vezes, assumem compromissos com coisas que não são corretas. Por exemplo, há igrejas que têm compromisso fortíssimo com a arrecadação de dinheiro.
Por que essas igrejas têm tido mais êxito entre os pobres do que a Igreja Católica?
Não sei dizer uma razão particular. Sei que, hoje, essas igrejas usam os meios de comunicação de maneira muito forte, com motivações psicológicas... Isso tem uma força sobre as pessoas, que têm uma dimensão religiosa grande no coração.
Mas a Igreja Católica não segue essa estrada. Há muito de proselitismo por trás [de outras igrejas], não só de verdade. E nosso caminho [da Igreja Católica] não é o proselitismo, é o testemunho.
O sr. poderia citar alguma em particular?
Prefiro não citar nenhuma. O importante é mencionar o fenômeno. As pessoas sabem que isso existe.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O conservadorismo volta a carga toda

In: blog Além da Economia - Paulo Daniel

CIÊNCIA DA RELIGIÃO. O presidente do movimento denominado Pró-Vida, Padre Luiz Carlos Lódi, divulgou nota pela internet atacando o governo da Presidenta Dilma Rousseff (PT).

O Pró-Vida, sediado em Anápolis, interior de Goiás, é um dos movimentos católicos mais radicais do País contra a descriminalização do aborto, entretanto, a maior parte dos itens abordados no último documento refere-se à questão dos homossexuais.

“O sonho do governo é transformar a “homofobia” em crime, instaurando o terror sobre a esmagadora maioria dos brasileiros ditos “homofóbicos”.”

Por fim, a nota diz “desde a ascensão do PT em 2003, por uma campanha ininterrupta e onipresente em favor da corrupção das crianças, da destruição da família e da dessacralização da vida. Para nossa vergonha, é difícil imaginar, em todo o planeta, um governo que mais tenha investido na construção da cultura da morte.”


Na campanha eleitoral à Presidência da República, o padre Lódi fez campanha a favor do candidato José Serra (PSDB), utilizando argumentos do fundador do movimento e arcebispo emérito de Anápolis, d. Manoel Pestana Filho, segundo o qual a eleição do tucano representaria a escolha por um “incêndio limitado”, enquanto Dilma seria a “catástrofe incontrolável”.

O conservadorismo está querendo realizar o 3º. turno da eleições, além de querer estabelecer um debate descabido e retrógrado à sociedade brasileira.

O que é ser a favor da vida?

Ser a favor da vida é não querer ser um único, interlocutor e mensageiro de um determinado Deus.

Ser a favor da vida é promover a justiça contra aqueles que molestam e molestaram crianças revelando os seus mais sórdidos e obscuros “desejos”.

Ser a favor da vida é lutar por justiça social em sua plenitude, enfrentando a exploração do homem pelo homem, pois vida é aqui e agora; não em um possível paraíso “vendido” principalmente pela Igreja Católica nos últimos séculos.

A cada dia e meio, o Brasil registra um homicídio por razões homofóbicas. Em 2010, segundo o Relatório Anual realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade de utilidade pública municipal e estadual, 250 homossexuais e travestis foram assassinados no país, em razão de sua orientação sexual.

A estatística dá ao país o lugar de campeão mundial neste tipo de crime, seguido pelo México e Estados Unidos, portanto, quem são os criminosos?

O aborto deve ser considerado não um caso de polícia, mas sim de saúde pública e um direito da mulher.

Essas discussões tem que sair do rami-rami religioso e teocêntrico e partir para o debate da realidade social que estamos vivendo e inseridos.

O governo da Presidenta Dilma e as instituições que se reivindicam progressistas precisam, urgentemente, politizar a sociedade nessas questões, pois não basta apenas aumentar a renda e ter crescimento econômico, com conservadorismo e retrocesso social.
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Paulo Daniel, economista, mestre em economia política pela PUC-SP, professor de economia e editor do Blog Além de economia.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mulheres, saúde e libertação: é luta das mulheres



SAÚDE. Nesta, fui acompanhar a companheira de 25 anos de convívio a uma Clínica da Mulher para uma bateria de exames médicos. Enquanto aguardava a operacionalização dos 08 exames re-lia o livro de Enrique Dussel, Filosofia da Libertação, Loyola, 1982. Por ser uma empresa particular prestadora de serviço de saúde o atendimento foi rápido: acesso as 09:00 e saídas 09:45 da manhã. Quando em uma Unidade Pública realizar-se-á 08 exames complexos em 45 minutos? Pensei. Respondi - é possível desde que a luta de classe e as contradições venham a irrupção. A luta é política.
Observo muitas mulheres sendo atendidas, expressão das classes B e C. Fico feliz pois vejo a classe C com acesso a tal serviço de qualidade. Mas o serviço público pode e tem condições de prestar tal serviço. A demanda pelo serviço de saúde cresce na proporção que o capital necessita de mão-de-obra qualificada e em melhores condições físicas para a extração da mais-valia. As mulheres são maioria no Brasil (f:48,9% x m:51,04%)conforme Censo 2010. No início da década de 80 Marta Suplicy, Xenia Bier e Clodovil foram protagonistas no Programa da Mulher (Rede Globo) inculcando e a participação da mulher no mercado de trabalho, e hoje continua a diferença de 33,3% no salário na proporção com os rendimentos masculinos. Na Russia na década de 90 as mulheres abandonaram o mercado de trabalho e retornaram ao universo doméstico para cuidar dos filhos. O machismo e o uxoricídio continua como discriminação e preconceito na relação de gênero. A libertação das mulheres é uma luta da mulheres e não dos homens dominadores. Os homens devem apoia-las, na nova dimensão altero-mundista - um outro mundo é possível.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O pecador e o santo: a beatificação de João Paulo II



RELIGIÃO. O papa Bento XVI deferiu em prazo inferior de 5 anos a beatificação do papa João Paulo II. Acompanhei o reinado de papa de Varsóvia - João de Deus, desde a década de 1970 até pós morte.
Em 1980, quando esteve em Curitiba o epíscopo de Roma, participei do evento na condição de seminarista, vocacionado ao sacerdócio, donde acompanhei vários colegas ordenados presbíteros pelas mãos do papa. E o povo cantava 'Abenção, João de Deus, nosso povo te abraça...' No contexto de conflito interno da Igreja entre a da Volta A Grande Disciplina e o crescimento da Igreja Eclesiogênese - Povo de Deus - com uma CNBB profética tendo opção clara preferencial pelos pobres e contra a pobreza e estruturada em CEBS, assumiu postura de evitar dissenso. João Paulo, papa, editou a encíclica Laborens Exercens (14.09.1981), na relação capital-trabalho destacou a primazia do trabalho. Leonardo Boff, teólogo da libertação, rasga seda ao papa dos pobres na obra 'O caminhar da Igreja com os oprimidos: do vale de lágrimas à terra prometida'(Codecri,1980); em 1984, recebe o punição de 'silêncio obsequioso' (conforme orientação da Congregação para a Doutrina da Fé - pela sua obra Igreja, carisma e poder) com o aval do papa. Na guerra ideológica capitalismo x socialismo o papa optou pelo primeiro, fruto do cultura anticomunista da hierarquia da ICAR - Igreja Católica Apostólica Romana, e a experiência na Polônia.
Em 1980, o entao frei L. Boff prediz que dialetizando a análise sobre o Papa é preciso inserir o transfundo de cada agente histórico que atuam forças sociais e eclesiais, mas aponta que se trata de pessoa com excepcionais poderes de decisão pessoal, dada a estrutura monárquica da Igreja. Havia um clima de esperança na sociedade brasileira (pós Lei da Anistia, fundação do PT, lutas e organizações comunitárias urbanas e rurais, sindicais). As forças da ditadura em processo de enfraquecimento. A partir de 1985, na recomposição das forças políticas eclesiais retorna a Volta a Grande Disciplina e daí fortalece uma hierarquia eclesial extremamente conservadora.
O epíscopo de Roma, Karol Wojtila quem morreu em 2005 foi acusado pela mídia de ter mantido relação afetiva entre com uma jovem na Polônia que começou na juventude e continuou no período que exercia o papado. Setores da mídia e da sociedade tem um olhar dualista, viés do platonismo (século IV a.C)que impulsiona o medo medievo do corpo, da sexualidade e do prazer.
O papa na condição de ser humano é um ser limitado, imperfeito, ético, estético, e inacabado e desenvolveu as virtudes do beneplácito, solidariedade, amor e outros, no caminho da santidade. Durante a vida o papa João Paulo II deve ter-se masturbado, pois para alguns é pecado grave. Neste dualismo, atualmente, o pecado sexual é superior que o pecado social: tal como o pagamento de mísero salário aos professores da creche e educação infantil, da sonegação dos direitos trabalhistas da trabalhadora doméstica e de impostos.
Considero o papa João Paulo II um beato, santo, tal como a fotografia de alguém querido a ser seguido no seu exemplar do vivido, cujo fazer atuou no contexto complexo de uma Instituição religiosa que é Santa e Prostituta.
Na divisão eclesiástica do trabalho o papa assumiu a postura de contemplativus in liberaciones sem conflito com o Poder dominante. Faltou a dimensão profética.

South Park - desenho crítico que ajuda a pensar



O South Park é um programa sitcom americano de desenho de humor sarcástico,criada por Trey Parker e Matt Stone para o canal Comedy Central - VH1. Acesso, no Brasil, pelos canais pagos. Numa abordagem da filosofia pós-moderna trata de temas educacionais, filosóficos, políticos e culturais da sociedade americana. Cada edição com duração de 30 minutos gira em torno de quatro crianças—Stan Marsh, Kyle Broflovski, Eric Cartman, e Kenny McCormick—e suas aventuras bizarras. Recomendado para maiores de 14 anos.

Recomendo aos educadores, em especial do ensino fundamental e médio.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Educação de qualidade - Dilma: é uma exigência

Educação: da quantidade à qualidade

Frei Betto - escritor

In: Adital - www.adital.org.br


A presidente Dilma promete priorizar a educação. No Brasil, apenas 10% da população concluíram o ensino superior; 23% o médio, e 36% não terminaram o fundamental. O ministro Fernando Haddad se compromete a adotar tempo integral no ensino médio, combinando atividades curriculares com aprendizado profissionalizante.

São promessas às quais se soma a de aplicar 7% do PIB na educação (hoje, apenas 5,2%, cerca de R$ 70 bilhões).

O governo Lula avançou muito na área: criou 14 novas universidades públicas e mais de 130 expansões universitárias; a Universidade Aberta do Brasil (ensino à distância), cuja qualidade é discutível; construiu mais de 100 campi universitários pelo interior do país; criou e/ou ampliou Escolas Técnicas e Institutos Federais e, através do PROUNI, possibilitou a mais de 700 mil jovens o acesso ao ensino superior.

Outro avanço é a universalização do ensino fundamental, no qual se encontram matriculados 98% dos brasileiros de 7 a 14 anos. Porém, quantidade não significa qualidade. Ainda há muito a fazer. Estão fora da escola 15% dos jovens entre 15 e 17 anos. Ao desinteresse, principal motivo, alinham-se a premência de trabalhar e a dificuldade de acesso à escola.

Tomara que a proposta de tempo integral do ministro Haddad se torne realidade. Nos países desenvolvidos os alunos permanecem na escola, em média, 8h por dia. No Brasil, 4h30. Pesquisas indicam que, em casa, passam o mesmo tempo diante da TV e/ou do computador. Nada contra, exceto o risco de obesidade precoce. Mas como seria bom se TV emitisse mais cultura e menos entretenimento e se na internet fossem acessados conteúdos mais educativos!

Os estudantes brasileiros leem 7,2 livros por ano, dos quais 5,5 são didáticos ou indicados pela escola. Apenas 1,7 livro por escolha própria. E 46% dos estudantes não frequentam bibliotecas.

No Pisa 2009 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), aplicado em 65 países, o Brasil ficou em 53º lugar. Na escala de 1 a 800 pontos, nosso país alcançou 401. No quesito leitura, 49% de nossos alunos mereceram nível 1 (1 equivale a conhecimento rudimentar e 6 ao mais complexo). Nível 1 também para 69% de nossos alunos em matemática e para 54% em ciências.

O Pisa é aplicado em alunos(as) de 15 anos. Nas provas de matemática e leitura, apenas 20 alunos (0,1%), dos 20 mil testados, alcançaram o nível 6 em leitura e matemática. Em ciências, nenhum. No conjunto, é em matemática que nossos alunos estão mais atrasados: 386 pontos (o máximo são 800). O MEC apostava atingirem 395. Na leitura, nossos alunos fizeram 412 pontos, e em ciências, 405.

Estamos tão atrasados que o Plano Nacional de Educação prevê o Brasil alcançar, no Pisa, 477 pontos em 2021. Em 2009, a Lituânia alcançou 479; a Itália, 486; os EUA, 496; a Polônia, 501; o Japão 529; e a China, campeã, 577.

Nos países mais desenvolvidos, 50% do tempo de instrução obrigatório aos alunos de 9 a 11 anos e 40% do tempo para os alunos de 12 a 14 anos é ocupado com ciências, matemática, literatura e redação. E, no ensino fundamental, não se admitem mais de 20 alunos por classe.

Onde está o nosso tendão de Aquiles? Na falta de investimentos - em qualificação de professores, plano de carreira, equipamentos nas escolas (informática, laboratório, biblioteca, infra desportiva etc).

Análise de 39 países, feita pela OCDE em 2010, revela que o investimento do Brasil em educação corresponde a apenas 1/5 do que os países desenvolvidos desembolsam para o setor. EUA, Reino Unido, Japão, Áustria, Itália e Dinamarca investem cerca de US$ 94.589 (cerca de R$ 160 mil) por aluno no decorrer de todo o ciclo fundamental. O Brasil investe apenas US$ 19.516 (cerca de R$ 33 mil).

Embora a OMC tenha insinuado retirar a educação da condição de dever do Estado e direito do cidadão e transformá-la em simples negócio - ao que o governo Lula se contrapôs decididamente -, os 5,2% do PIB que nosso país aplica na educação são insuficientes. O que favorece a multiplicação de escolas e universidades particulares de duvidosa qualidade. Entre os países mais ricos, derivam do poder público 90% do investimento em ensinos fundamental e médio.

Ainda convivemos com cerca de 14 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais. Sem contar os analfabetos funcionais. Dos 135 milhões de eleitores em 2010, 27 milhões não sabiam ler nem escrever. Faltou ao governo Lula um plano eficiente de alfabetização de jovens e adultos.

Tomara que Dilma cumpra a promessa de criar 6 mil novas creches e o MEC se convença de que alfabetização de jovens e adultos não se faz apenas com dedicados voluntários. É preciso magistério capacitado, qualificado e bem remunerado.

Todos gostariam que seus filhos tivessem ótimos professores. Mas quem sonha em ver o filho professor? Na Coreia do Sul, onde são tão bem remunerados quanto médicos e advogados, e socialmente prestigiados, todos conhecem o provérbio: "Jamais pise na sombra de um professor."

[Autor de "Alfabetto - Autobiografia Escolar" (Ática), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto
Copyright 2011 - FREI BETTO - Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato - MHPAL -
Agência Literária (mhpal@terra.com.br)]

* Escritor e assessor de movimentos sociais

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O pensamento neoconservador e a política


O pensamento conservador funda-se em um dos princípios: o da imutabilidade e da ordem. A desigualdade, a hierarquia e o estamento são frutos da natureza - é natural. Alterar tal quadro de ordem é risco, afirma os neocon. As lutas de classes da sociedade se expressa no Estado. O jogo de movimento é um movimento do jogo. A persona, caso do ministro (da Defesa) Nelson Jobim, defensor dos militares, ou Johnbim,no governo Dilma é apenas um ator neste jogo. Nas relações de poder no micropoder - nas comunidades, igrejas, associações, empresas prevalecem o pensamento conservador, mas contraditoriamente, não há hegemonia. O PSBD e DEM, expressão de poder no pensamento neo-conservador, estão analisando o movimento do jogo político. A retirada do persona Luis Carlos Prates - da mídia sulista (TV/RBS) - é expressão de 'desanuviamento' da prédica neocon. As contradições não podem ser tão explícitas. Haverá outras defecções. Escreva, tal noticia que veremos em um futuro próximo.

É presidenta, sim!



A matéria, extraído do blog Limpinho&Cheiroso:


É presidenta, sim!

O Brasil ainda está longe da feminização da lín-gua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma “presidenta”, que assim seja chamada.
Se uma mulher e seu cachorro estão atraves-sando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma, e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido inscrustada na gramática das línguas.
Somente no século 20 as mulheres puderam começar a lutar por seus direitos e a exigir, inclusive, que fossem adotadas formas novas em diferentes línguas para acabar com a discriminação multimilenar. Em francês, as profissões, que sempre tiveram forma exclusivamente masculina, passaram a ter seu correspondente feminino, principalmente no francês do Canadá, país incomparavelmente mais democrático e moderno do que a França. Em muitas sociedades desapareceu a distinção entre “senhorita” e “senhora”, já que nunca houve forma específica para o homem não casado, como se o casamento fosse o destino único e possível para todas as mulheres. É claro que isso não aconteceu em todo o mundo, e muitos judeus continuam hoje em dia a rezar a oração que diz “obrigado, Senhor, por eu não ter nascido mulher”.
Agora que temos uma mulher na Presidência da República, e não o tucano com cara de vampiro que se tornou o apóstolo da direita mais conservadora, vemos que o Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma presidenta, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada. Mas o que faz a nossa “grande imprensa”? Por decisão própria, com raríssimas exceções, como CartaCapital, decide usar única e exclusivamente presidente. E chovem as perguntas das pessoas que têm preguiça de abrir um dicionário ou uma boa gramática: é certo ou é errado? Os dicionários e as gramáticas trazem, preto no branco, a forma presidenta. Mas ainda que não trouxessem, ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de formação de palavras da língua.
Assim procederam os chilenos com a presidenta Bachelet, os nicaraguenses com a presidenta Violeta Chamorro, assim procedem os argentinos com a presidenta Cristina K. e os costarricenses com a presidenta Laura Chinchilla Miranda. Mas aqui no Brasil, a “grande mídia” se recusa terminantemente a reconhecer que uma mulher na Presidência é um fato extraordinário e que, justamente por isso, merece ser designado por uma forma marcadamente distinta, que é presidenta. O bobo-alegre que desorienta a Folha de S.Paulo em questões de língua declarou que a forma presidenta ia causar “estranheza nos leitores”. Desde quando ele conhece a opinião de todos os leitores do jornal? E por que causaria estranheza aos leitores se aos eleitores não causou estranheza votar na presidenta?
Como diria nosso herói Macunaíma: “Ai, que preguiça…” Mas de uma coisa eu tenho sérias desconfianças: se fosse uma candidata do PSDB que tivesse sido eleita e pedisse para ser chamada de presidenta, a nossa “grande mídia” conservadora decerto não hesitaria em atender a essa solicitação. Ou quem sabe até mesmo a candidata verde por fora e azul por dentro, defensora de tantas ideias retrógradas, seria agraciada com esse obséquio se o pedisse. Estranheza? Nenhuma, diante do que essa mesma imprensa fez durante a campanha. É a exasperação da mídia, umbilicalmente ligada às camadas dominantes, que tenta, nem que seja por um simples – e no lugar de um –a, continuar sua torpe missão de desinformação e distorção da opinião pública.
Marcos Bagno é professor de Linguística na Universidade de Brasília.
Via CartaCapital





Em tempo: este ansioso blog adota também a forma “presidenta