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domingo, 19 de agosto de 2012

POLÍTICA E A ARTE DE MENTIR

É opinião muito difundida na sociedade – como senso comum – expressão da miséria política e cultural de um povo, de que “é essencial à arte política mentir, saber esconder astuciosamente as próprias opiniões verdadeiras e os verdadeiros fins para os quais nos orientamos, saber fazer com que se acredite no contrário do que realmente se quer, etc.”, afirma Gramsci, na obra Cadernos do Cárcere (Caderno 6. §12, 2011, p. 224).

O político não sobrevive sem a mentira. Tal assertiva falsa na observação no cotidiano das ações dos políticos o senso comum firma na naturalização. A ação do político sempre  representa interesses próprios e de terceiros. É preciso indagar: quais sãos os seus objetivos? A que a interesse defende? Para quem, grupo social, ou classe? Os interesses são públicos, coletivos ou privados, particular?  Há transparência ou são ocultos?
Preso, escreve o filósofo político italiano Antonio Gramsci, em 1930,
A opinião é tão enraizada e difundida que, ao se dizer a verdade, não se consegue crédito. Os italianos em geral são considerados, no exterior, mestres na arte de simulação e da dissimulação, etc. Lembrar a anedota judia: “Onde vai?”, pergunta Isaac a Benjamin. “A Cracóvia”, responde Benjamin!  “Mentiroso! Você diz que vai a Cracóvia para que eu acredite que vai Lemberg; mas eu sei muito bem que você está indo a Cracóvia: então, qual a necessidade de mentir?” Em política, pode-se falar de discrição, não de mentira no sentido mesquinho em que muitos pensam: na política de massa, dizer a verdade é precisamente uma necessidade política(GRAMSCI, 2011, p.224-5).

A política não é a arte de mentir, mas sim de dizer a verdade na construção de uma sociedade regulada, justa, democrática e solidária.





As classes dirigentes e dominantes burguesas disseminam por meio de seus aparelhos privados de hegemonia (família, escolas, universidades, igrejas, jornais, rádios, músicas, etc) a noção de política como algo imoral e aético.  Tais ideologias cimentam o domínio e hegemonia, pois afastam a participação política da massa e crescimento cultural, político e moral do bloco das classes subalternas. 

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