Frente ao post, divulgado na internet, em que uma mãe vítima de um ato de um adolescente infrator, ironicamente, cobra da outra postura. Faço um comentário - segue abaixo o post.
Inversão de valores ou valores invertidos.
Aos amigos professores, cuidado!!! ''O risco de sermos 'ventrílogos' de idéias, valores invertidos'' - ingenuamente.
Há um vírus contido nesta mensagem (sutil/subliminar) chamada IDEOLOGIA (ler Antonio Gramsci, Marilena Chauí - O que é Ideologia (1983, p. 45ss), ajuda a entender). Passo a declinar alguns argumentos:
1.Juízo de valor sem juízo de fato: por sentimento e desconhecimento. Algumas pessoas movidos pelos genuinos sentimentos de com-paixão e pelo valor da solidariedade as vítimas da violência praticadas pelos violentados - os que anteriormente sofreram violência, e na insanidade (ação insana, i-racional,movido pelo sentimento de revolta) na falta de valores e limites predicada por pais, família (algumas até 'desestruturada'), professores ingenuamente alienados/sem preparação de educar para a vida real, promovem a exclusão. E numa sociedade que sutilmente contaminada por pre-conceito, movida por ideologia, tal como esta, julga e condena sem conhecer. Não conhece a história de vida - os percalços e desencontros da vida, da crianaça/adolescente e/ou família que na sua maioria são pobres. A distância e a vida destas pessoas são complexas. Há uma multiplicidade de fatores econômicos, educacionais, habitacionais, religiosos, cultural, e político.
2. Culpabilização da vítima: quem é responsável? Você leitor tem responsabilidade com tal fato do adolescente infrator? Segundo o preceito constitucional, art. 5º da Constituição/1985 e o art. 4ª do ECA (lei nº 6.069/90, 'é dever da família, da comunidade, da sociedade e do poder público tornar efetivo o direito'. A responsabilidade é sempre do outro. Culpar a vítima é um mecanismo da ideologia. Inverter o processo. Ex: a mulher vitimada pela violência machista, quando deixa de denunciar, o carimbo de 'mulher de malandro, que gosta de apanhar' - predianunciado por membros do gênero, mulheres. A vítima é culpada e o causador é a vítima. Tal entendimento expressa carência de pensamento da lógica aristotélica em relacionar o particular com o universal, ou confundir árvore com floresta. A questão fundamental não reduzir o problema a busca do culpado. A família(particular) tem culpa mas é necessário associa-la com a responsabilidade não assumida de outros autores (o Estado que não cumpre o seu papel na edição de políticas públicas; o cidadão que vota/não vota irresponsavelmente - como ser passivo; os comerciantes, associações, profissionais liberais dotados de conhecimento/informação que preocupa com seus interesses particulares, e outros). Culpar só a família e não associar com a estrutura da sociedade capitalista nas suas relações de produção é miopia cultural. Isso não significa que a família não tem parcela de culpa´
3. O fraco não pode ter defesa, não tem direito, pois não é ser humano. Tal conceito é formado na cultura patrimonialista, em que o 'Outro/diferente' é uma mísera mercadoria/patrimônio, inferior, desigual. Se o ditador/déspota tem direito, o 'outro/infrator' é menor, inferior e por isso não tem direito. Pois se tiver direito é igual ao ditador. A igualdade de direito é muito perigosa, é risco de poder. por isso o horror, a ojeriza contra os pobres e os movimentos antisistema - vide as idéias divulgada na mídia sobre o Movimento dos Sem Terra. As pessoas não conhecem o MST mas são contra a ação do movimento, conforme a visão da Veja, Globo e outros colaboradores dos interesses das empresas Bradesco, Sigenta, Globo, Votorantim e outras. Você, defensor da ideologia predicada, está defendendo, ingenuamente, os interesses desses grandes grupos econômicos? Você nao existe para elas.
4. As entidades, da sociedade civil, de defesa dos direitos humanos. Por que estas defendem o 'ladrão' e não a 'vítima'? Porque o Estado nao cumpre com os seus deveres na defesa dos direitos: a)- da vítima - ter acesso e restituição dos direitos violados e sentir que o Estado fez o infrator pagar as penas pelos crimes de descumprimento do contrato social, conforme preceito legal (investigação - julgamento - condenação/liberação). Um dos preceitos do Contrato Social - Constituição - é que toda pessoa deve ser tratada como pessoa humana (e não um animal) dotado de direitos. Hoje, a vítima tem mais espaço institucional de defesa de direitos, em organismo do Estado (Defensoria Pública, Justiça, Ministério Público)OAB e outros para exigir os direitos, e os infratores sofre a negligência do Estado, vide o sistema penitenciário, política de educação/tratamento/internamento do adolescente infrator. Diz o post, 'Direitos humanos para humanos direitos', digo para o banqueiro Daniel Dantas, acusado de corrupção em milhões do cofre público, e que recebeu dois habeas corpus do STF, contestado por centenas de entidades e autoridades, este será que é um humano direito? A desigualdade deve ser aceita, natural, conforme o déspota, e os que discordarem devem ser eliminados físico e socialmente da sociedade.
Em suma, uma mãe acusa a outra mãe, impultando-a não requerer direito, e observe a diferença no perfil sócio-econômico descrito da primeira e segunda. É um olhar de classe, e as idéias são da classe dominante - de cima, e por serem minorias, necessitam de apoio dos representantes das outras classes, e sequestram o pensamento pelo sentimento - com-paixão, e os argumentos, inicialmente transparente lógico, mas os que aprenderam o método cartesiano, duvidar de tudo, percebem que tais argumentos são ilógicos. Há um interesse notório da classe dominante: ampliar a passividade dos membros de classes pela desigualdade, culpabilização da vítima pela vítima, exclusão social com darwinismo social, levando a eliminação física dos elementos que discordarem de tal política (o professor na escola, o policial na rua, traficante com usuário/consumidor de droga.
Concluindo, a ideologia quer imputar que não tem solução. Querem matar o futuro, que as pessoas não tenha esperança, e lute para mudar o presente e conquistar o futuro. No livro bíblico aponta o Paraíso Terrestre (Genesis 1-3), como esperança e exige a ação humana.
texto: Anonimo - divulgado entre professores.
Reenviando conforme pedido ...
INVERSÃO DE VALORES- CARTA DE UMA MÃE PARA OUTRA> MÃE(VERÍDICO)> > Assunto: Inversão de valores*Carta enviada de uma mãe> para outra mãe em SP, após noticiário na tv:De mãe para> mãe...'Vi seu enérgico protesto diante das câmeras de> televisão contra a transferência do seu filho, menor> infrator, das dependências da FEBEM em São Paulo para> outra dependência da FEBEM no interior do Estado.Vi você> se queixando da distância que agora a separa do seu filho,> das dificuldades e das despesas que passou a ter para> visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes> daquela transferência.Vi também toda a cobertura que a> mídia deu para o fato, assim como vi que não só você,> mas igualmente outras mães na mesma situação que você,> contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e> Entidades de Defesa de Direitos Humanos, ONGs, etc...Eu> também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu> protesto.Quero com ele fazer coro.Enorme é a distância que> me separa do meu filho.Trabalhando e ganhando pouco,> idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para> visitá-lo.Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos> domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para> auxiliar no sustento e educação do resto da> família.Felizmente conto com o meu inseparável> companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de> amigo e conselheiro espiritual.Se você ainda não sabe, sou> a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num> assalto a uma vídeo locadora, onde ele, meu filho,> trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.No> próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando> e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu> e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério> da periferia de São Paulo...Ah! Ia me esquecendo: e também> ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranqüila,> viu? que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu> querido filho queimou lá na última rebelião da Febem.No> cemitério, nem na minha casa, NUNCA apareceu nenhum> representante destas 'Entidades' que tanto lhe> confortam, para me dar uma palavra de conforto, e talvez me> indicar 'Os meus direitos' !'Faça circular este> manifesto! Talvez a gente consiga acabar com esta (falta de> vergonha na cara)inversão de valores que assola o> Brasil.Direitos humanos são para humanos direitos !!!
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