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terça-feira, 3 de junho de 2008

ONTOLOGIA DO BANHEIRO MASCULINO


SOCIOLOGIA. As mulheres sempre tiveram uma enorme curiosidade em saber o que ocorre no universo do WC masculino. Uma primeira característica do banheiro masculino é o silêncio. Ao contrário do feminino, onde - como em qualquer encontro de 3 ou mais fêmeas - as visitantes cacarejam animadamente, no dos homens impera uma quietude franciscana. Não se cumprimenta o próximo, não se cruza olhares. Até mesmo amigos evitam conversas. Em casos extremos pode-se até abordar alguém junto à pia e o dispensador de toalhas, mas é uma atitude que sempre levanta suspeitas. Trata-se de um local de atividades solitárias, de reflexão e auto-conhecimento.

Apesar dos usuários se ignorarem mutuamente, suas ações não passam despercebidas. Existem regras tácitas que regem implacavelmente as relações sanitárias e o respeito ou não a esse código definem como o sujeito é visto por seus pares. Um deslize pode representar a queda definitiva das mais austeras e avalizadas reputações. Portanto, para o frequentador que enruste algum desejo de pederastia inconfessa, todo cuidado é pouco.

Uma regra de suma importancia diz respeito às cabinas. Nada de usá-las para aliviar a bexiga! Quem prefere se isolar é porque tem vergonha das dimensões irrisórias de seu pênis ou teme não conter o desejo de olhar o(s) membro(s) alheio(s). Passa recibo de fraco, inseguro ou de baitola. Notem que não estou nem cogitando a possibilidade do mijar sentado. Quem usa deste expediente hediondo merece ser banido do recinto à pontapés e apedrejado em praça pública. Macho que é macho mija no urinol e só usa a privada como último recurso, no caso daqueles estarem todos ocupados. E quando o faz, deve direcionar o jato sempre ao centro da louça onde fica o laguinho d’água parada, para que o barulho mostre uma pressão saudável e vigor varonil.
Mas qual mictório escolher? O do canto ou o do meio? E se for daqueles contínuos, coletivos, de aço inox?
Bem, fica a gosto do freguês. Mas quem procura sempre as pontas é porque se sente desconfortável no meio de outros homens. Ficar à vontade demais também não é o caso, mas não há porque temer a proximidade do próximo. Quem está confortável com sua masculinidade se posta nas posições centrais. Urina olhando estoicamente para frente, mas tranquilamente. Pode assobiar o hino do time, desde que não se esteja na torcida adversária; pode liberar flatos sonoros, que são excelentes sinais de virilidade, mostram desprendimento e segurança por parte do emissor; gemidos são permitidos, desde que graves como a voz de um baixo ou barítono. De tenor para baixo, todo gemido é interpretado como vindo de um castrato; os bem-dotados ainda podem se dar ao luxo de manter uma boa distância do recipiente e garantir o jato certeiro, para a inveja geral. A finalização é sempre por meio de chacoalhadas e nunca, repito, nunca usar papel higiênico para secar as últimas gotas. O lugar delas é na cueca.

Falamos até agora de urinar, de tirar água dos joelhos. E quando for hora de esvaziar os intestinos, de pintar a porcelana, soltar a cobra no balaio ou - como dizem as mulheres e os metrossexuais – fazer o número dois? Bem, neste caso não há como escapar das cabinas e suas privadas. Se vai cobrir o assento com papel, se vai ficar agachado sem se sentar, se vai deixar o membro mergulhado na água pútrida, bem, isso é um problema de asseio particular de cada um e não diz respeito a esta breve dissertação. A única recomendação é não confundir macheza com desrespeito: evite borrar a tampa e puxe sempre a descarga. Feder pode. Deixar um registro olfativo, vá lá. O que não pode são as lembranças visuais.

Para finalizar, o uso da pia. Junto ao grande público o sujeito tem que jurar de pés juntos que sempre lava as mãos. Mas dentro do banheiro, diante dos seus pares, é opcional. Os outros usuários não vão achar ruim se virem alguém sair sem usar a água e o sabão. A não ser que trate-se do cozinheiro ou do médico de plantão.

Boa excreção! – Macho viado.

(fonte desconhecida - enviado por um aluno).

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