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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

"Os indiferentes" - Gramsci - 2014

Parabéns - Feliz 2014. Não sejamos INDIFERENTE com a história.

Neste novo ano - 2014 - que se inicia, conforme a minha fé no Deus da Vida, reflito: "sou um passageira errante neste mundo" e tenho uma missão a cumprir (Salmo 79). Não posso ser, e devo indignar-se frente aos indiferentes. 
O pensador italiano, Antonio Gramsci, preso, encarcerado e morto (1926-1937) pelo fascismo - pela direita - escreveu um brilhante texto, disponível nos Cadernos do Cárcere, sugiro como leitura:

Os Indiferentes    - Gramsci



Odeio os indiferentes. Creio, que “viver é tomar partido”. Não podem existir os que são apenas homens, os estranhos à cidade. Quem vive verdadeiramente não pode deixar de ser cidadão e de tomar partido. Indiferença é abulia, é parasitismo, é covardia, não é vida. Por isso, odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a âncora que paralisa o inovador, a matéria inerte onde se afogam frequentemente os mais esplêndidos estusiasmo, o pântano que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, já que traga em suas areias movediças os que a combatem e os dizima, os desencoraja e, muitas vezes os faz desistir do empreendimento heróico.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade, aquilo com que não se pode contar; é o que abala os programas, inverte os planos mais bem-construídos; é a matéria bruta que se rebela contra a inteligência e a destroça. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se deve tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absenteísmo dos muitos. O que acontece não acontece tanto porque alguns querem que aconteça, mas sobretudo porque a massa dos homens abdica de sua vontade, deixando que outros façam, que se formem os nós que depois só a espada poderá cortar, que se promulguem as leis que depois só a revolta fará ab-rogar, que subam ao poder os homens que depois só um motim poderá derrubar. A fatalidade que parece dominar não é mais do que, precisamente, a aparência ilusória dessa indiferença, desse absenteísmo. 


Feliz - 2014. (aos amigos e adversários na leitura da realidade).


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